Endrick: “É um milagre eu estar aqui”
Aos 17 anos, o atacante do Palmeiras, já vendido ao Real Madrid, acaba de ser convocado pela primeira vez para a seleção brasileira
A convocação para a seleção brasileira é a realização de um sonho? Eu sempre tive muitos sonhos na vida. O sonho de dar o meu melhor no profissional do Palmeiras e, claro, chegar à seleção principal, depois de ter alcançado as de base. Meus momentos de oração não traçavam metas, mas sempre pedi que Deus estivesse ao meu lado, oferecendo saúde para poder fazer o que eu mais sei dentro de campo. Estava tão atento aos últimos jogos do Palmeiras que nem imaginava que poderia acontecer agora. Quero aproveitar ao máximo.
O que o deixou mais feliz: ser contratado pelo Real Madrid ou ir para a seleção brasileira? São momentos diferentes. Meu primeiro ano de profissional no Palmeiras, o título do Brasileiro em 2022, e ter feito um gol na decisão do Paulistão deste ano já tinham sido muito marcantes. O Real Madrid e a seleção foram consequências naturais. Mas demora para cair a ficha. Meu pai (que já trabalhou como auxiliar de pedreiro) e minha mãe sempre me fortaleceram e me prepararam para quando essas oportunidades surgissem. Como diz o lema do nosso grupo, “por dentro o coração está quente, mas eu prefiro manter a cabeça fria” (risos).
E como foi manter a cabeça fria e o coração quente para chegar até aqui? Como meus pais costumam dizer, é um milagre estar aqui. Sei do esforço que minha família fez para conseguir ter algo para que eu tivesse o que comer. Sempre encarei essa situação com muita força de vontade e quis vencer como pessoa e como jogador. Sou muito grato ao Palmeiras por ter depositado essa confiança em mim desde muito cedo, lá em 2016. Foi o clube que deu emprego para o meu pai e me viu crescer desde o sub-11.
Qual a sensação de saber que a Europa está logo ali, em meados do ano que vem? Estou tranquilo. Passei a ser mais observado depois que meu nome começou a ser especulado no Real, mas isso só aconteceu justamente por causa da visibilidade que eu tive no Palmeiras. O professor Abel (Ferreira) é um grande homem. Sempre conversou nos momentos bons e ruins, e minha presença em campo é reflexo daquilo que eu executo nos jogos a partir das orientações dele. Aprendo muito.
Quais os planos para o futuro? Hoje eu posso dizer que estou focado apenas nesta reta final do Campeonato Brasileiro. É claro que traçamos objetivos, mas meu presente está no Palmeiras e na viagem para servir a seleção.
Publicado em VEJA de 17 de novembro de 2023, edição nº 2868