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EUA oferecem a brasileiros a chance de unir estudos e esporte

Ligas universitárias americanas são um bom caminho não só para quem pretende ser profissional do esporte, mas também para quem está no diploma

Por Mateus Silva Alves Atualizado em 10 jun 2017, 07h18 - Publicado em 10 jun 2017, 07h03

Mais cedo ou mais tarde, a vida de todo adolescente brasileiro que estuda e pratica alguma modalidade esportiva a sério desemboca em um dilema: abandonar o sonho de ser um atleta profissional para se dedicar aos estudos ou deixar os livros de lado para se concentrar exclusivamente no esporte? É uma dúvida cruel, mas existe uma saída para conciliar as duas coisas: buscar uma vaga em uma universidade americana.

Os Estados Unidos têm uma longa tradição de união entre educação e esporte, e as universidades do país possuem equipes de dezenas de modalidades. As ligas universitárias americanas, com diversos atletas com experiência em Mundiais e Jogos Olímpicos, permitem aos alunos competir em alto nível sem deixar de lado a formação educacional, por isso atraem jovens do mundo tudo – inclusive do Brasil. Atualmente, há cerca de 19.000 brasileiros estudando em universidades americanas, dos quais aproximadamente 1.600 estão em equipes esportivas.

De acordo com o Education USA, órgão do governo americano responsável por orientar candidatos a ingressar em universidades americanas, os esportes mais procurados por brasileiros interessados em ir para os Estados Unidos  são futebol, vôlei e tênis. Marta Bidoli, coordenadora do Education USA no Brasil, onde a agência tem 32 escritórios, diz que há uma segunda vantagem em ir a uma universidade americana, além de poder conciliar estudo e esporte. “Quem ingressa em uma equipe esportiva de uma universidade de lá pode ganhar uma bolsa de estudos parcial ou até mesmo total.”

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Um aparte importante: não há ensino superior gratuito nos Estados Unidos. Estudar em uma universidade do país custa entre 10.000 e 60.000 dólares por ano (aproximadamente entre 32.800 e 196.600 reais), dependendo do prestígio da instituição. Não é barato, por isso uma bolsa é algo mais que bem-vindo. E consegui-la depende única e exclusivamente do talento do aluno-atleta.

“Quem toma as decisões sobre bolsas é o treinador da equipe da universidade, que tem um orçamento. Ele avalia o talento do candidato e decide se vale a pena oferecer uma bolsa, e de qual percentual”, explica Bidoli.

Para conseguir vaga em uma universidade americana por meio do esporte, há alguns requisitos básicos: é preciso ter um nível de inglês pelo menos intermediário, ter habilidade esportiva e bom histórico escolar, além de não ser um atleta profissional. E são três os caminhos para chegar lá: o próprio Education USA; alguma agência especializada em prestar esse serviço; ou o contato direto com a universidade (veja mais no quadro).

Diploma valioso

Tornar-se um profissional nas quadras ou campos não é o objetivo de todos os que vão aos Estados Unidos por meio do esporte. Segundo Marta Bidoli, a maioria dos brasileiros que ingressam em universidades americanas para integrar equipes esportivas não tem essa pretensão. A ideia, nesse caso, é continuar praticando esporte em alto nível até conseguir o diploma universitário e, então, ingressar na carreira escolhida. Esse é o plano de Ana Beatriz Franklin, carioca de 19 anos que faz parte da equipe de vôlei da universidade Ohio State, uma das mais tradicionais do país nos esportes. “Eu não queria parar de jogar vôlei, nem deixar de estudar. No Brasil, é difícil conciliar essas duas atividades em alto nível. E o circuito universitário americano é muito forte”, conta.

O esgrimista brasileiro Henrique Marques
Henrique Marques está nos EUA há três anos (Felipe Cotrim/VEJA.com)

Na mesma situação está o esgrimista Henrique Marques, de 20 anos, que integra o time do New Jersey Institute of Technology.  “Quero continuar com a esgrima o quanto for possível, vou fazer o máximo para conciliar, mas sei que vai chegar uma hora em que isso será impossível. Minha prioridade será o trabalho.”

Apesar do alto custo das universidades americanas – e da vida nos Estados Unidos –, é possível entrar em uma delas mesmo sem estar no topo da cadeia social. Graças ao esporte, é claro. As amigas Thayla Ventura Grigorio, de 19 anos, e Ana Paula Silva Santos, de 18, são provas disso. Moradoras da zona leste de São Paulo, elas jogam futebol desde a infância e estudaram inglês por meio de um projeto social do governo americano. Por causa do talento com a bola nos pés e do bom desempenho nos estudos, elas conseguiram ingressar em universidades dos Estados Unidos, para onde se mudarão em agosto.

O sonho da dupla é ingressar em uma liga profissional americana e viver do futebol. Caso não dê certo, elas não terão motivos para muita lamentação, segundo Bruno Pessoa, fundador de uma das principais empresas especializadas em levar alunos-atletas aos Estados Unidos, a Next Academy – que tem entre os sócios o jogador do Palmeiras Felipe Melo.

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“Apenas 3% da população brasileira fala inglês com fluência”, comenta Pessoa. “E um diploma universitário americano é muito valorizado aqui no Brasil. Por isso, a maioria dos brasileiros que vão aos Estados Unidos e não se profissionalizam no esporte volta ao nosso país com grandes chances de boa colocação no mercado de trabalho.”

Para quem se animou com a possibilidade de conciliar estudo e esporte nos Estados Unidos, um aviso: é preciso trabalhar muito duro para ter sucesso nos campos ou nas quadras e, ao mesmo tempo, brilhar com os cadernos nas mãos. E, pela cultura americana, uma coisa não é mais importante do que a outra. Quem pensa que vai para lá apenas para ser atleta, sem precisar se dedicar às aulas, está enganado.

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“O estudante que entra na universidade pelo esporte tem de saber que vai ter de dar conta de dois empregos em tempo integral”, diz Marta Bidoli. Ela lembra que a NCAA (principal liga universitária do país) exige bom desempenho escolar para que um atleta possa disputar as competições. “É preciso primeiro ser aluno, para depois ser atleta.”

Passo a passo: como ingressar em uma universidade americana por meio do esporte

1º) Praticar alguma modalidade esportiva no Brasil em bom nível – quanto mais habilidade no esporte, maior a chance de sucesso
2º) Fazer o SAT ou o ACT, provas que medem o nível do candidato em várias áreas de conhecimento (similares ao ENEM brasileiro)
3º) Fazer o Toefl, prova que mede o nível de conhecimento na língua inglesa
4º) Apresentar uma carta de recomendação de um professor e uma de um coordenador da escola em que estuda
5º) Escrever (em inglês, claro) uma redação que demonstre sua visão de mundo
6º) Enviar ao treinador da equipe da universidade um vídeo que mostre suas habilidades esportivas. Isso pode ser feito diretamente (os sites das instituições apresentam os endereços de e-mail dos treinadores), por intermédio do Education USA ou de empresas especializadas – que cobram por esse serviço. O treinador é quem aprova ou reprova um candidato a entrar em seu time, e é também ele quem decide se o candidato receberá uma bolsa de estudos, seja parcial ou total

 

 

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