Ex-atleta brasileiro denunciou corrupção na Rio-2016
Eric Maleson, ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, procurou MP francês para fazer acusações de fraude e compra de votos
Um ex-atleta brasileiro denunciou irregularidades na escolha do Rio de Janeiro como sede da Olimpíada de 2016 e, assim, colaborou com a Operação “Unfair Play“, que compromete, entre outros dirigentes e políticos, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman. Eric Walther Maleson, que competia no bobsled, modalidade olímpica de inverno, procurou autoridades francesas por “livre e espontânea vontade” para fazer suas denúncias.
A afirmação foi feita nesta terça-feira pelo procurador nacional adjunto financeiro da França, Jean-Yves Lourgouilloux, durante entrevista coletiva na Polícia Federal do Rio de Janeiro. “Ele foi ouvido como testemunha, não posso entrar em mais detalhes do que aconteceu. Os elementos que ele forneceu terão de ser verificados”, disse o francês.
Maleson é fundador e ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo e também foi membro do COB. Ele relatou ao MP francês que teria ocorrido fraude na votação dos países africanos para a escolha da sede dos Jogos de 2016.
Em julho de 2009, Eric Maleson também informou às autoridades brasileiras, por meio de carta rogatória, que a delegação brasileira, composta por Carlos Arthur Nuzman e Ruy Cesar Miranda Reis, se dirigiu à Nigéria para apresentar a candidatura brasileira aos países africanos. Posteriormente, Reis teria pago uma quantia para garantir a votação na cidade fluminense.
Movimentações suspeitas
Segundo informações das autoridades francesas, após análise nas contas bancárias de Papa Diack (filho do ex-presidente da Iaaf, Associação Internacional de Federações de Atletismo, Lamine Diack), verificou-se uma transferência suspeita efetivada pela conta Matlock para a conta pessoal dele. Esta conta foi aberta pelo empresário Arthur Cesar, conhecido como “Rei Arthur” para repassar dinheiro de propina para o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Diack teria informado ao Ministério Público Francês que utilizou a influência de seu pai para negociar votos na escolha da cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A transferência, feita alguns dias antes da votação, foi de 2 milhões de dólares (6,2 milhões de reais) a favor de Papa Diack.
Rei Arthur é sócio do Grupo Facility, que inúmeros contratos com os governos do Estado e do Município do Rio de Janeiro. Segundo o Ministério Público, Arthur Cesar auxiliava Cabral na medida em que fornecia capital e ajudava em sua lavagem. Em contrapartida, ele garantiria a contratação de suas empresas para atuar nos setores de serviços da cidade do Rio de Janeiro.
(Com Estadão Conteúdo)