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Holanda x Argentina: por que jogo deixa a rainha holandesa em saia justa

Máxima Zorreguieta é nascida e criada em Buenos Aires, mas governo dos Países Baixos garantiu que ela torcerá contra Lionel Messi

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 dez 2022, 08h20 - Publicado em 7 dez 2022, 05h00

DOHA – Máxima Zorreguieta Cerruti, a rainha consorte da Holanda, estará com o coração dividido durante o duelo entre a seleção holandesa e a Argentina, válida pelas quartas de final da Copa do Mundo do Catar, na próxima sexta-feira, às 16h (de Brasília). A esposa do rei Guilherme Alexandre adora esportes e é constantemente vista em estádios, mas neste caso há um problema: ela é nascida e criada em Buenos Aires. A situação parece ter lhe colocado em uma saia justa.

“Como holandesa e rainha da Holanda, ela irá torcer pela Holanda”, cravou um porta-voz do Serviço de Informações do governo holandês (RVD) ao jornal local De Telegraaf, tentando por fim ao debate que atravessa o Atlântico. Esta não é a primeira vez que o clássico internacional, que decidiu a Copa de 1978 e mais duas semifinais, deixou a rainha Máxima em situação comprometedora.

Em 2014, ela e o rei, que é torcedor do Ajax, estiveram no Brasil durante a disputa da Copa do Mundo. O casal real celebrou das tribunas do Beira-Rio o triunfo holandês por 3 a 2 sobre a Austrália. Depois, foram até o vestiário cumprimentar o técnico Louis Van Gaal, que está de volta ao cargo, e os atletas.

Rainha Máxima e o rei Guilherme Alexandre com Van Gaal, no vestiário do Beira-Rio, em 2014
Rainha Máxima e o rei Guilherme Alexandre com Van Gaal, no vestiário do Beira-Rio, em 2014 – (Alex Grimm - FIFA//Getty Images)

No entanto, na semifinal entre Holanda e Argentina, vencida pelo time de Messi nos pênaltis, coincidentemente ou não, Máxima Zorreguieta estava bem longe, em Paris, em uma reunião do Programa Internacional de Avaliação de Aluno (Pisa, na sigla em inglês) sobre educação, junto à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Antes, quando ainda era princesa, os dois times se enfrentaram em um empate em 0 a 0 na primeira fase da Copa de 2006, na Alemanha. “Os resultados da Argentina são importantes para mim, mas sou holandesa”, disse, na ocasião, numa época em que seu casamento ainda era alvo de contestações.

Máxima, de 51 anos, cresceu no bairro portenho da Recoleta e é formada em Economia pela Universidade Católica de Buenos Aires. Ela conheceu o então príncipe Guilherme Alexandre na época em que trabalhava no Deutsche Bank de Nova Iorque, durante uma viagem a Sevilha. A relação não foi bem aceita de início, pelo fato de a economista argentina ser católica (a Holanda tem maioria protestante) e filha de um ex-ministro da ditadura militar de Jorge Rafael Videla, presidente do país em 1978, ano em que a Argentina bateu a própria Holanda na final de um dos Mundiais mais polêmicos de todos os tempos.

Apesar da pressão, o casamento foi aceito pelo parlamento dos Países Baixos e Máxima obteve a nacionalidade holandesa de forma muito rápida, o que também provocou reclamações já que, sob circunstâncias normais, o processo pode levar anos. A lei local, no entanto, impede que ela renuncie à certidão argentina, de modo que ela possui dupla nacionalidade. Máxima e Guilherme Alexandre se casaram em uma luxuosa cerimônia em Amsterdã, em 02/02/2002. Em 2013, com abdicação de sua mãe, a rainha Beatriz, ele assumiu o trono.

Segundo a imprensa local, Máxima e Guilherme Alexandre decidiram não viajar ao Catar para acompanhar o time em razão das constantes denúncias de violações aos direitos de trabalhadores, gays e mulheres no país-sede. Há, no entanto, a expectativa de que possam pintar por Doha, caso a Holanda chegue à decisão, que costuma contar com a presença de diversos chefes de Estado. Para isso acontecer, a Laranja terá de ter eliminado o país-natal da monarca.

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