Paulo Henrique Ganso ainda não conseguiu deslanchar na Espanha. Em quase seis meses no Sevilla, o meio-campista brasileiro não se firmou como titular, marcou apenas um gol e só encantou a torcida em lances esporádicos, com as assistências criativas que sempre foram sua marca registrada. Nesta quarta-feira, talvez na melhor oportunidade que recebeu, Ganso teve atuação discreta na derrota do Sevilla para o Real Madrid por 3 a 0, no Santiago Bernabéu, pela Copa do Rei, e foi substituído ainda no intervalo. A imprensa espanhola não perdoou.
Em seu relato da partida, o Diario de Sevilla criticou a falta de intensidade do meia brasileiro. “O ritmo de Ganso impede o time de competir contra um rival tão exigente como o Real Madrid. É inegável que o brasileiro tem vontade, por isso ninguém interprete esta análise como uma falta de respeito. Mas a crua realidade é que ele não divide nenhuma bola e ainda observa as jogadas passivamente do meio-campo, por exemplo. Sim, ele tem capacidade de fazer uma jogada diferente para que os ‘neutros’ elogiem sua magia, mas, de forma geral, é como jogar com um a menos em campo”, escreveu o diário.
O Marca, principal esportivo do país – e que dá a visão do adversário, o Real Madrid – também é duro com o meia. “Ganso, outra vez pela porta de trás”, é o título da matéria, que começa com uma frase um tanto soberba. “O brasileiro deixou claro que seu ritmo vale apenas para países de menos nível. Na Espanha, foram apenas lampejos”, escreveu, como se a liga espanhola – excetuando as três ou quatro melhores equipes – tivesse um nível muito superior à brasileira.
O Marca ainda diz que o técnico argentino Jorge Sampaoli, “seu principal patrocinador no Sevilla”, teve que sacá-lo no intervalo, pois os rivais não encontravam dificuldades para avançar por seu setor. “O técnico argentino acha que pode tirar de Ganso o futebol que há lá dentro. O ruim é que essa qualidade não está acompanhada de velocidade e sacrifício, como se espera no futebol espanhol”.
O jornal ainda afirma que o jogo no Bernabéu foi mais uma “decepção com um jogador que custou quase 10 milhões de euros, um investimento que cada vez mais parece longe de ser rentável.” Por fim, uma poesia: “O Sevilla precisa de mágicos da bola, mas com armadura de gladiadores”.
A crítica pesada dos espanhóis – que em outras oportunidades já encheram sua bola, chamando-o de “genial” e “estelar” – se assemelha muita àquelas que Ganso enfrentou no Brasil. Sua falta de ritmo e certa displicência quando está sem a bola irritaram torcedores e treinadores de Santos e São Paulo diversas vezes. No entanto, na partida diante do Real Madrid – que foi beneficiado pela arbitragem em dois gols – Ganso não teve muitas oportunidades para brilhar
O primeiro gol saiu de uma falha da zaga que não o envolveu e o segundo veio de um escanteio do qual também não participou. Em sua principal falha, ao perder uma bola no meio-campo, Ganso fez falta matando contra-ataque e foi punido com cartão amarelo – o que deve ter influenciado em sua substituição. Na melhor chance que teve, Ganso deu um passe de primeira que deixou Joaquín Correa em chance clara de marcar, mas o argentino desperdiçou. Ainda é cedo para dizer se Ganso será um fracasso na Europa, mas para convencer as exigentes torcida e imprensa espanhola, o meia canhoto terá que fazer muito mais que isso:
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