Lionel Messi, o canto de despedida
Ao receber a oitava Bola de Ouro entregue pela revista France Football, o craque fez da cerimônia o palco para um discurso que soou como passagem de bastão
Quem viu, viu. Quem não viu terá de se contentar com o próximo gênio. Foi como o canto do cisne do maior jogador de futebol de nosso tempo — o de agora, que fique claro, porque Pelé era de outro planeta. Ao receber a oitava Bola de Ouro entregue pela revista France Football, Lionel Messi fez da cerimônia o palco para um discurso que soou como o de despedida. Rodeado pelos três filhos, o craque olhou para o futuro, ao lembrar do norueguês Haaland e do francês Mbappé, e para o passado, ao citar com emoção Maradona. Soou como passagem de bastão, embora ele ainda não tenha decidido pendurar as chuteiras. Jogando pelo Inter Miami da Flórida, dificilmente voltará a ser premiado — na edição deste ano o corpo de jurados considerou a Copa do Mundo do ano passado, e aí não teve para ninguém. Só há alguma chance de novas condecorações se um dia retornar ao Barcelona, sonho anunciado, mas improvável. Aos 36 anos, Messi desenhou uma carreira que, comparada à de Neymar, parece servir como lição. O brasileiro não foi campeão do mundo pelo Brasil e, por dinheiro — e apenas por dinheiro — foi jogar na Arábia Saudita. O.k., os Estados Unidos não são lá uma Coca-Cola no futebol, mas fazem marketing como ninguém, o que é um mérito — e não por acaso a camisa rosa do Miami, a de número 10, esgotou nas lojas. Neymar, de molho depois de romper, infelizmente, o ligamento e o menisco do joelho esquerdo, tem tempo agora para pensar na vida. Ou, dito de outro modo, tentar buscar entender (entre uma conversa e outra com os “parças”) por que nunca chegou aos pés de Messi.
Publicado em VEJA de 3 de novembro de 2023, edição nº 2866
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