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O espanhol Carlos Alcaraz, de 19 anos, é a nova sensação do tênis mundial

Ele chega a Roland Garros como favorito a desbancar o compatriota e ídolo Rafael Nadal

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h55 - Publicado em 22 Maio 2022, 08h00

O suíço Roger Federer, o espanhol Rafael Nadal e o sérvio Novak Djokovic dominam o tênis mundial há mais de quinze anos. Desde que Nadal faturou seu primeiro troféu no tradicional torneio de Roland Garros, em 2005, em apenas uma ocasião o título não ficou com um integrante do trio — o “intruso” foi o suíço Stan Wawrinka, em 2015. Nadal e Djokovic estarão no Grand Slam de Paris, que começa no próximo dia 22, ainda como fortes candidatos, mas a Cidade Luz já se prepara para a coroação de um novo rei: o espanhol Carlos Alcaraz, de recém-completados 19 anos, a nova sensação do esporte e favorito a preencher a lacuna geracional.

As espinhas no rosto evidenciam a juventude do atleta nascido em El Palmar, na província de Múrcia. A ascensão avassaladora de “Carlitos” foi confirmada com a conquista do Masters 1000 de Madri, passando por cima do ídolo Nadal, do número 1 do mundo Djokovic e do alemão Alexander Zverev. “Estou pronto para ganhar um Grand Slam. É uma meta para este ano e vou trabalhar para isso”, disse o garoto, antes de frear a si próprio. “Sou o número 6 do mundo, então há cinco na minha frente e muito trabalho a ser feito.”

O rótulo de “novo Nadal” tomou a Espanha e chegou a incomodar o veterano. “Se eu fosse dez anos mais novo, poderíamos falar sobre rivalidade, mas tenho 36”, desabafou o tenista treze vezes campeão de Roland Garros. “Ele é jovem, e tudo o que é novidade é mais interessante. O carro novo sempre parece melhor.” Nadal, no entanto, costuma encher a bola de seu provável herdeiro. “Sofrerei com ele pelo tempo que me resta e depois desfrutarei como torcedor. Carlos não é um garoto normal, como tampouco éramos eu, Novak e Roger.”

arte tênis

As comparações com o recordista de Grand Slams — Nadal conquistou 21 — são inevitáveis, não apenas por serem compatriotas, mas também pela precocidade incomum no tênis masculino. No início do ano, Alcaraz tornou-se o tenista mais jovem a vencer um torneio ATP 500, o Rio Open, no Brasil. Ao repetir o feito em Barcelona, transformou-se no nono da história a integrar o top 10 antes dos 19 anos e já desponta como favorito a superar o recorde do australiano Lleyton Hewitt, que chegou ao topo do ranking com 20 anos, 8 meses e 23 dias, em 2001. Alcaraz tem até janeiro de 2024 para chegar lá, uma meta bastante plausível.

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Há real entusiasmo em torno dele. “Alcaraz já tem a direita mais rápida do circuito, chega inteiro em todas as bolas e tem variação de jogo”, disse a VEJA o ex-tenista brasileiro Fernando Meligeni. “Me lembra muito o Guga, com aquele ar de bom menino que exala positividade e não sente pressão.” Outro ponto em comum com Gustavo Kuerten é o fato de ser destro e o apreço pelas “deixadas”, as bolas curtas e com efeito que costumam levantar a torcida.

Há anos o tênis busca a consolidação de nomes da nova geração. O austríaco Dominic Thiem, 28 anos, e o alemão Zverev, 25, largaram bem, mas estagnaram. Para além do iminente adeus de Federer, Nadal e Djokovic, Alcaraz tem outro trunfo: a boa orientação. Treinado pelo espanhol Juan Carlos Ferrero, outro campeão de Roland Garros, tem optado por descansar em alguns torneios para priorizar outros. Foi por isso que desistiu do Masters de Roma após o título em Madri. “Jovens talentosos erraram ao querer jogar tudo e ganhar dinheiro como se não houvesse amanhã. Alcaraz está sendo muito bem cuidado nesse sentido”, diz Meligeni.

Com 3,7 milhões de dólares em premiação na conta, o novato mantém os pés no chão, postura reconhecida pelos adversários. “É fantástico ver um jovem que desafie os melhores e seja tão humilde”, disse Djokovic. Recentemente, Alcaraz quis comprar um carrão, mas foi contido pelos pais. Também leva broncas por abusar do uso do celular. Como bom espanhol, apontou a siesta, a soneca da tarde, como um dos segredos de seu sucesso. Ele já é o favorito das casas de apostas para Roland Garros. Se confirmar as expectativas, será o nono vencedor mais jovem de um Grand Slam. Federer, Nadal e Djokovic que se cuidem.

Publicado em VEJA de 25 de maio de 2022, edição nº 2790

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