DOHA – Brasil e Croácia abrem nesta sexta-feira, 9, a partir das 12 h (de Brasília) as quartas de final da Copa do Mundo do Catar, em duelo repleto de atrações no Estádio Cidade da Educação (Education City). Recuperado da lesão que o tirou de duas partidas da primeira fase, Neymar está no centro das atenções e pode bater um recorde que já dura 60 anos de ninguém menos que Pelé. Do outro lado, no entanto, os croatas confiam em uma lenda, Luka Modric, de 37 anos, o craque do último Mundial.
Com 76 gols em jogos oficiais pela seleção, Neymar já superou ídolos como Zico (48), Romário (55) e Ronaldo (62) e está a apenas uma bola na rede de igualar Pelé (77), o maior artilheiro da história da seleção brasileira. O Rei chegou a esta marca em 91 jogos, enquanto o atual camisa 10 tem 123 partidas disputadas.
Pelé, que segue internado em São Paulo e recebeu homenagens dos atletas da seleção na última partida, ostenta a condição de máximo goleador da seleção há 60 anos, desde que marcou duas vezes diante do País de Gales, em triunfo por 3 a 1 no Pacaembu, em 16 de maio de 1962, superando os 33 gols de Ademir de Menezes. Pelas contas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que leva em conta partidas contra clubes e combinados, Pelé segue com boa margem de vantagem, com 95 gols.
Com o gol marcado diante da Coreia do Sul nas oitavas, em jogo que marcou sua volta ao time, Neymar igualou Ronaldo e Pelé como únicos brasileiros a balançar a rede em três Copas do Mundo diferentes (Neymar fez em 2014, 2018 e 2022). Curiosamente, seu primeiro gol foi justamente contra a Croácia, adversária desta tarde, na abertura da Copa do Brasil. “É um orgulho muito grande, alcancei coisas que jamais imaginei que iria alcançar. Então estou muito contente, muito feliz”, disse ao SporTV após a partida.
Crias da Vila Belmiro, ídolos do Santos, Pelé e Neymar sempre manifestaram enorme carinho um pelo outro. Em junho de 2021, o tricampeão mundial (1958, 1962 e 1979) disse torcer para ter seu recorde de gols superado. “Todas as vezes que vejo esse menino, ele está sorrindo. É impossível não sorrir de volta. É contagiante. Eu, assim como todos os brasileiros, sempre fico feliz quando vejo jogar bola. Hoje, ele deu mais um passo em direção ao meu recorde de gols pela Seleção. E eu estou na torcida para que ele chegue lá, com a mesma alegria que tenho desde que vi ele jogando pela primeira vez”, escreveu.
O Brasil, portanto, confia em seu camisa 10, bem como os croatas, que desfrutam dos últimos momentos de Luka Modric. Cinco vezes campeão europeu pelo Real Madrid e líder de uma geração que chegou ao vice-campeonato em 2018, o meio-campista de rara elegância exaltou a seleção brasileira na véspera, mas sem jogar a toalha.
“É normal todo mundo dar mais chances ao Brasil, mas já mostramos muitas vezes que nem sempre os favoritos ganham. (…) Quando jogamos contra Argentina e Brasil, é um feriado de futebol, algo que todo jogador deseja, principalmente na Copa do Mundo”, disse Modric, que participou dos dois confrontos entre os países em Copas, ambos vencidos pela seleção campeã – foi reserva no 1 a 0 de 2006 e titular no 3 a 1 de 2014.
Além de Modric, o time dirigido por Zlatko Dalic confia em outros atletas talentosos, como o goleiro Livakovic, destaque da classificação nos pênaltis diante do Japão, o promissor zagueiro Gvardiol, o experiente atacante Perisic e o volante Brozovic, atleta que mais corre na história dos Mundiais.
A seleção brasileira chega em bom momento após a goleada diante da Coreia do Sul. Na véspera da partida, o técnico Tite defendeu o que chamou de “identidade do futebol brasileiro”, inclusive em relação às contestadas coreografias na comemoração. “Tem uma série de meninos que vão se inspirar e dançar também, que é a cultura brasileira, e ela não vai desmerecer nenhum outro. É a nossa forma de ser”, disse. “Damos confiança para que eles possam produzir o seu melhor. Em cima dessa pressão, tem que ter coragem para jogar desta forma, mesmo correndo riscos de a carne ser cortada se não for campeão.”
Tite tem apenas uma dúvida para a partida, na lateral-esquerda. O dono da posição, Alex Sandro, treinou normalmente, mas como o próprio técnico havia avisado, deve ser preservado, pois ainda se recupera de uma lesão no quadril. Desta forma, Danilo deve dar lugar a Eder Militão na direita e troca de lado. O jogo será apitado por árbitro inglês Michael Oliver.
Prováveis escalações:
Brasil: Alisson, Éder Militão (Alex Sandro), Marquinhos, Thiago Silva e Danilo; Casemiro e Lucas Paquetá; Raphinha, Richarlison, Neymar e Vini Júnior.
Croácia: Livakovic; Juranovic, Lovren, Gvardiol e Sosa; Brozovic, Modric e Kovacic; Vlasic, Kramaric e Perisic.