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“Convivi com a pluralidade e a diversidade”

Indicado ao Prêmio Veja-se na categoria Cultura foi o curador da exposição Queermuseu, cujo encerramento prematuro suscitou debate sobre liberdade artística

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h50 - Publicado em 20 nov 2017, 19h30

O gaúcho Gaudêncio Fidelis diz que há pelo menos três cineastas que podem ajudar a defini-lo: o polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), autor de uma trilogia baseada nas cores da bandeira francesa, o italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), cuja obra vai do profano ao sacro (mais profano do que sacro, diga-se), e o canadense Xavier Dolan, o jovem cineasta autor de Eu Matei Minha Mãe. O autorretrato cinematográfico faz sentido. O ramo de atuação de Fidelis está nas artes plásticas, que também serviram de inspiração para Kieslowski. Nesse meio, Fidelis se propõe a desafiar — artisticamente, ressalte-se — o que é tido como cânone, ao incluir em suas exposições novas ideias e discussões, da mesma maneira que o italiano Pasolini fazia com sua cinematografia. O gosto recém-adquirido pela obra de Dolan mostra a busca do curador pelo novo e pelo provocador. Em setembro deste ano, Fidelis esteve no centro de uma polêmica sobre liberdade artística. Queermuseu — Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, com curadoria de Fidelis e que estava sendo exibida em Porto Alegre, foi fechada por pressão de entidades religiosas e do Movimento Brasil Livre (MBL) —, que viram zoofilia e pedofilia em obras que protestavam contra o racismo e o bullying nas escolas. A exposição, até então, era considerada um sucesso: recebia 900 pessoas por dia, em média.

Fidelis é filho de um caminhoneiro e de uma professora. Por muito tempo morou num local sem energia elétrica, e seu primeiro contato com a televisão ocorreu apenas na adolescência. Foi nessa fase que ele se mudou para Porto Alegre, onde foi estudar artes plásticas. O principal acontecimento na vida de Fidelis, contudo, deu-se no fim dos anos 90, quando ele fez doutorado na Universidade de Nova York. “Ali tive a oportunidade única de ver e discutir o que era possível em termos de arte”, avalia. “Convivi com a pluralidade e a diversidade.” De volta ao Brasil (e a Porto Alegre), ele se notabilizou por criar exposições que privilegiavam a inclusão e, acima de tudo, apostavam em novos talentos das artes plásticas. “Não acredito numa história da arte feita apenas de obras-primas. Ela tem de ser mais diversa e inclusiva”, diz o curador. Na exposição cancelada, obras conceituadas foram colocadas ao lado de trabalhos de artistas iniciantes: Retrato de Rodolfo Jozetti, de Candido Portinari, por exemplo, tinha como parceiro de espaço Halterofilista, de Fernando Baril. O curador foi ameaçado de morte e, recentemente, convocado para prestar depoimentos na CPI dos Maus-Tratos, sob a acusação inusitada de incentivo à pedofilia. O silêncio da Queermuseu, contudo, não terá vida longa: em 2018, a exposição será instalada no Parque Lage, no Rio de Janeiro.

Conheça os três candidatos nesta categoria. A votação está encerrada.

Cultura
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