Cerca de 200 migrantes se afogaram no Mar Mediterrâneo nos últimos três dias, elevando o número de mortos desde o início de 2018 para mais de 1.000 pessoas.
O ritmo de saídas de migrantes, em grande maioria africanos procedentes da Líbia, acelerou-se após um acordo europeu destinado a dissuadir essas travessias. O marco de 1.000 mortes foi atingido em 1º de julho.
Somente nesta terça-feira 3, pelo menos sete pessoas morreram, enquanto outras 123 foram socorridas depois que sua embarcação naufragou ao longo da costa líbia.
Os corpos de cinco migrantes, mortos no momento da chegada do resgate, não puderam ser recuperados, informou o capitão de um navio da Marinha líbia, Rami Ghommeidh. Duas crianças foram encontradas sem vida.
No domingo (1º), 63 migrantes desapareceram após o naufrágio de sua embarcação diante da Líbia. Segundo o general Ayub Kacem, também da Marinha, foram resgatados 41 migrantes que usavam coletes salva-vidas.
“A Guarda Costeira não encontrou corpos no local”, afirmou.
Além dos 41 resgatados, um navio da Guarda Costeira líbia atracou na segunda-feira 2 em Trípoli com 130 pessoas, resgatadas em outras duas operações na mesma zona. Pelo menos 114 pessoas que viajavam juntas com os sobreviventes ainda estão desaparecidas no mar.
Situação alarmante
Há meses, a costa da Líbia é o principal ponto de saída de embarcações precárias lotadas de migrantes que se arriscam a tentar a perigosa travessia do Mediterrâneo para chegar à Itália.
Na semana passada, o general Kacem advertiu que os traficantes de pessoas haviam acelerado as saídas pelo temor de um fechamento das fronteiras europeias, depois de Roma proibir o acesso a seus portos a vários barcos de ONGs com migrantes resgatados a bordo.
Desde sexta-feira 2, a Guarda Costeira líbia resgatou ou interceptou mais de 1.000 migrantes. Uma vez em terra, as autoridades líbias levam esses migrantes para centros de detenção.
Segundo comunicado da Organização Internacional de Migração (OIM), William Lacy Swing, diretor da entidade, viajará para Trípoli nesta semana “para ver em que condições se encontram os migrantes trasladados para terra firme pela Guarda Costeira líbia”.
A OIM tem um programa de “retorno voluntário”, que permitiu a repatriação de 9.000 migrantes da Líbia nos seis primeiros meses de 2018, indicou o coordenador desse projeto em Trípoli, Yomaa ben Hasan, na segunda-feira. A instituição repatriou quase 20.000 migrantes em 2017 no âmbito desse programa.
Desde os tempos do ditador Muamar Kadafi, derrubado e executado em 2011, milhares de migrantes atravessam as fronteiras do sul da Líbia, sobretudo, para tentar cruzar o Mediterrâneo rumo à Europa. A situação piorou desde a queda do ditador, em meio ao caos que reina no país.
(Com AFP)