Em sessão extraordinária nesta terça-feira 12, a presidente interina da Assembleia Legislativa da Bolívia, Jeanine Áñez, se declarou presidente do país. Áñez entrou no local com uma Bíblia na mão e declarou a jornalistas: “A Bíblia volta ao palácio”.
No dia anterior, o empresário Luis Camacho, uma das lideranças que defenderam a renúncia de Evo Morales, já havia posado para uma foto no palácio do governo com uma Bíblia e uma bandeira boliviana. Nesta terça, ele desejou “felicitações” a Áñez como presidente interina.
Já no México, onde buscou asilo político, o ex-presidente Evo Morales voltou a usar a palavra “golpe” para se referir à sua saída do poder.
“Foi consumado o golpe mais ardiloso e nefasto da história. Uma senadora de direita golpista se autoproclama presidente do Senado e depois presidente interina da Bolívia sem quórum legislativo, rodeada de um grupo de cúmplices e protegida pelas Forças Armadas e pela polícia, que reprimem o povo”, escreveu Morales no Twitter.
O Brasil se tornou o primeiro país a reconhecer Áñez como presidente interina da Bolívia após declaração do chanceler Ernesto Araújo, que afirmou que “o rito constitucional boliviano está sendo cumprido”.
A posse de Áñez foi anunciada após 48 horas de vácuo no poder desencadeado pela renúncia de Evo Morales no último domingo 10.
“Assumo de imediato a presidência e me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para pacificar a Bolívia”, disse Áñez no plenário do Senado, um dos dois órgãos que compõem a Assembleia, que estava com menos de metade de seus membros presentes.
Em caso de renúncia presidencial, segundo a Constituição da Bolívia, a linha de sucessão começa com o vice, seguido pelo presidente do Senado e termina com o presidente da Câmara, sem previsão caso este se ausente também.
Entretanto, desde a saída de Morales, todos esses cargos ficaram vagos. No mesmo dia, Alvaro García Linera, então vice — que se asilou no México junto a Morales —, Adriana Salvatierra, então presidente do Senado, e Víctor Borda, então presidente da Câmara, renunciaram. Os três representavam o partido do ex-presidente, o Movimento para o Socialismo (MAS).