Academias na Ásia mostram o caminho do ‘novo normal’ na musculação
A instalação de telas entre aparelhos em Hong Kong viralizou nas redes sociais; saiba quais medidas devem ser adotadas no retorno dos exercícios no Brasil
Enquanto governantes discutem o decreto do presidente Jair Bolsonaro, que nesta semana incluiu academias entre as atividades consideradas essenciais – apenas Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e Mato Grosso já autorizaram o retorno das atividades –, muitos usuários vivem um dilema. Se por um lado existe o desejo de queimar as calorias acumuladas na quarentena, há também o receio de retornar ao local com grande risco de contágio, onde pessoas transpiram e revezam aparelhos. Como praticamente tudo relacionado à pandemia de coronavírus, o Brasil tem a seu favor a possibilidade de mirar em bons exemplos de países onde as curvas de contaminação foram reduzidas.
As imagens mais curiosas sobre o possível “novo normal” da musculação vêm de Hong Kong, que reabriu oficialmente academias, bares, cinemas e salões de beleza na última sexta-feira 8. O jornalista britânico Ben Lucas compartilhou em suas redes sociais uma foto das bicicletas ergométricas de sua academia separadas por um tela. “As máquinas de exercícios cardiovasculares foram as únicas a receber esse escudo, o resto estava mais ou menos igual. As aulas em grupo, no entanto, foram reduzidas a apenas oito pessoas”, conta Ben Lucas.
Outros vídeos vindos do território autônomo ao sul da China viralizaram nas redes sociais, como um em que os usuários correm em esteiras devidamente separados e sem utilizar máscaras e outro, produzido por uma academia de luxo, que exibiu seu rígido sistema de higienização.
“Quando um aluno entra na academia ele precisa medir a temperatura, esterilizar as mãos preencher e assinar um formulário alegando que a pessoa não teve contato com infectados e não saiu do país nos últimos 14 dias”, completa Jefferson Basso, personal trainer brasileiro que também vive em Hong Kong. Exemplo semelhante já ocorre no Japão, onde a rede americana Gold’s Gym instalou separações entre suas esteiras em sua filial de Tóquio.
Essas são medidas opcionais, mas há um protocolo já em curso na Ásia e em partes da Europa, que deve ser seguido no Brasil. “Estamos respeitando as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), dos governadores e tomando uma série de medidas com base no que vem ocorrendo em outros países”, conta Fernando Nero, fundador e membro do Conselho da BlueFit, uma das principais redes do país, que já reabriu de forma experimental uma unidade em Joinville, Santa Catarina.
Além de medidas obrigatórias (veja a lista abaixo), como medição de temperatura dos clientes e higienização das mãos, calçados e aparelhos, as academias que reabrirem as portas devem orientar seus frequentadores a adotar boas práticas, como levar sua própria água e, assim, evitar o uso de bebedouros e desinfetar cada aparelho antes de revezar aparelhos com os colegas. “Nossos professores terão de ser, mais do que nunca, os generais da Covid-19. Além de cuidar dos treinos, terão de cuidar da segurança dos nossos clientes”, completa Fernando Nero.
O empresário, no entanto, não pensa em seguir o modelo asiático de separar suas esteiras e bicicletas. “Por ora, não. Entendemos que trabalhar com uma esteira ligada e a outra ao lado desligada, respeitando a distância ideal, traz mais conforto e segurança para os clientes. Quem sabe isso seja incluído mais para frente, quando o fluxo normalizar.” Outra obrigação das academias será controlar o número de usuários por meio de agendamentos prévios, o que evitará os chamados “horários de pico”. “A ideia não é termos menos clientes, mas que eles possam vir em horários mais equilibrados”. A recomendação é que haja um cliente para cada 6m².
Confira, abaixo, quais devem ser as práticas para o retorno à musculação, com base no que ocorre em outros países:
Medidas obrigatórias:
– Agendamento de horário para evitar aglomerações
– Higienização da sola dos calçados e das mãos ao entrar
– Disponibilizar kits de limpeza
– Medição de temperatura
– Desinfecção dos equipamentos antes e após de cada uso
Recomendações:
– Uso de máscaras quando possível (obrigatória apenas para os professores)
– Demarcação de distância dos equipamentos
– Trazer garrafas de água de casa para evitar o bebedouro
– Pausas de meia hora, de três a quatro vezes ao dia, para desinfetar toda a academia
Na última terça-feira 12, a Associação Brasileira das Academias (ACAD), presidida pelo ex-nadador Gustavo Borges, elaborou uma “cartilha” de procedimentos a serem tomados na reabertura das academias.