Acusado de ataques cibernéticos, Kremlin denuncia ‘russofobia’ americana
Washington anunciou na segunda-feira que indiciou seis agentes russos por ataques globais, incluindo alvos na França, EUA e Coreia do Sul
Após novas acusações de ataques cibernéticos globais, que levaram ao indiciamento de seis agentes russos pela Justiça americana na segunda-feira, o Kremlin denunciou nesta terça, 20, a “russofobia” dos Estados Unidos, citando uma tendência de acusar o país “de todos os pecados”. Entre os supostos alvos estão as eleições da França em 2017, os Jogos Olímpicos de 2017, na Coreia do Sul, e uma subsidiária dos correios dos EUA.
As acusações são parte de uma “russofobia frenética que obviamente nada tem a ver com a realidade”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres, lamentando a “tendência de acusar a Rússia e os serviços especiais russos de todos os pecados”.
Washington anunciou na segunda-feira que indiciou seis agentes da inteligência militar russa por ataques cibernéticos realizados entre 2015 e 2019. Estes visaram principalmente o partido do presidente Emmanuel Macron antes das eleições francesas de 2017, as Olimpíadas de 2018 na Coreia do Sul e a rede de energia elétrica ucraniana.
“A Federação da Rússia e os serviços especiais russos nunca realizaram ataques cibernéticos, especialmente em conexão com os Jogos Olímpicos”, insistiu Peskov nesta terça-feira.
Os seis supostos hackers, com entre 27 e 35 anos, são procurados pela Justiça americana. Eles são acusados de “realizar a série de ataques de informática mais destrutiva e preocupante já atribuida a um só grupo”, disse John Demers, vice-procurador-geral para a Divisão de Segurança Nacional, em coletiva de imprensa na segunda-feira
Os seis membros da GRU, agência de inteligência militar russa, também foram acusados de organizar um ataque de malware denominado “NotPetya”, que, em junho de 2017, infectou computadores de empresas de todo o mundo, causando um prejuízo de quase 1 bilhão de dólares apenas a três companhias americanas.
Segundo Demers, ataques conduzidos pelo grupo contra a rede de energia elétrica da Ucrânia, em dezembro de 2015 e dezembro de 2016, “foram os primeiros ataques de malware destrutivos contra os sistemas de controle de infraestrutura civil crítica. Estes ataques apagaram as luzes e o sistema de calefação durante o inverno, deixando centenas de milhares de homens, mulheres e crianças ucranianos às escuras e passando frio.”
Além disso, os acusados supostamente tinham como alvo as investigações sobre o envenenamento do ex-agente duplo russo Sergei Skripal e de sua filha na cidade inglesa de Salisbury, e realizaram ataques cibernéticos contra veículos de comunicação e o parlamento da Geórgia.
O secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab, acusou o serviço de inteligência militar russo de realizar missões de reconhecimento de internet contra alvos ligados aos Jogos Olímpicos de Tóquio antes do adiamento dos mesmos. “Os alvos incluíam os organizadores dos Jogos, os serviços de logística e os patrocinadores”, afirmou o Escritório de Relações Exteriores britânico em um comunicado.
Em julho, Reino Unido, EUA e Canadá alegaram que a Rússia estaria por trás da tentativa de roubo de informações de pesquisadores que tentam desenvolver a vacina contra a Covid-19. Os ataques persistentes e contínuos são vistos pelas autoridades de inteligência como um esforço para roubar propriedade intelectual, em vez de interromper a pesquisa.