O processo de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a um momento-chave: sua defesa iniciou as argumentações no Senado americano, onde o ambiente é menos desfavorável do que foi a Câmara. Neste sábado 25, em que utilizaram apenas duas horas da sessão, os advogados tentaram convencer os senadores – e a opinião pública – de que os democratas buscam subverter as eleições americanas, rasgando as cédulas eleitorais, tratando o processo iniciado em setembro do ano passado como ilegítimo. Este ano, o eleitor americano retornará às urnas, e o presidente americano tentará a reeleição.
Basicamente, a defesa tentou carregar nas tintas, ao tratar como “precedente perigoso”, a possibilidade de o Congresso americano, como definiram, impedir o eleitor de exercer o direito a dar sua opinião sobre Trump, declarando-o culpado e o destituindo do cargo. “É muito, muito perigoso”, repetia Pat A. Cipollone, conselheiro da Casa Branca.
Na última quinta-feira, os democratas haviam aumentado a pressão no julgamento, utilizando palavras de aliados do Trump para reforçar o argumento de que suas ações representam irregularidades dignas de um impeachment. O movimento surtiu pouco efeito, porque os senadores republicanos não deram sinais de que podem se voltar contra o presidente.
Os deputados democratas, que servem como procuradores no julgamento no Senado, já apresentaram as argumentações usadas para a abertura do processo, fazendo um apelo aos senadores para a condenação do presidente em duas acusações principais: abuso de poder e obstrução do Congresso.
A constituição dos Estados Unidos estabelece que um processo de impeachment pode ser aberto para remover um mandatário que cometa “crimes e contravenções graves”. A equipe de defesa de Trump argumenta que as acusações feitas antes na Câmara são inválidas, pois precisariam representar uma violação específica da lei criminal.
Os democratas defenderam durante esta semana que Trump deveria ser afastado do cargo por pressionar a Ucrânia a investigar irregularidades cometidas pelo vice-presidente Joe Biden, um dos principais pré-candidatos à presidência americana, e depois de tentar encobrir o feito, impedindo uma investigação no Congresso. Para Cipollone, defensor de Trump, “o presidente não fez absolutamente nada de errado”.
A Câmara dos Deputados americana, liderada pelos democratas, aprovou o impeachment de Trump há um mês. No Senado, porém, é provável que o presidente americano seja absolvido, uma vez que é preciso maioria de dois terços dos votos para a sua remoção do cargo. Nenhum senador republicano afirmou ser favorável à sua saída.