A maioria dos voos desta quarta-feira decolava normalmente do Aeroporto de Hong Kong, após uma terça caótica, quando o local foi ocupado – pelo segundo dia consecutivo – por manifestantes pró-democracia.
Na terça-feira, os manifestantes bloquearam o aeroporto, o oitavo do mundo em volume de passageiros, como parte dos protestos que sacodem Hong Kong há dez semanas.
Durante a tarde, os manifestantes haviam impedido o acesso dos passageiros aos aviões, antes de enfrentarem a polícia de choque diante do terminal.
Mas na manhã desta quarta, a maioria dos manifestantes já tinha abandonado o aeroporto e as operações voltavam ao normal.
O site do aeroporto revelava que dezenas de voos partiram durante a noite e centenas estão programados para o dia, apesar dos atrasos.
Apenas um punhado de manifestantes permanecia no terminal aéreo, a maioria dormindo. Não está claro se os manifestantes farão novos protestos no aeroporto nesta quarta-feira.
O movimento de protestos pró-democracia de Hong Kong não tem líderes definidos, mas é capaz de mobilizar rapidamente multidões através das redes sociais e aplicativos de mensagens.
Os ativistas mudaram o foco dos protestos para um aeroporto que é fundamental para a economia desta antiga colônia britânica, após semanas de grandes concentrações que degeneraram em confrontos entre a polícia de choque e ativistas radicais.
Hong Kong atravessa sua crise política mais grave desde sua reanexação à China, em 1997. O movimento – que surgiu no começo de junho em rejeição a um projeto de lei que autorizaria extradições para Pequim – ampliou suas reivindicações para denunciar a redução de liberdades e as ingerências da China nos assuntos internos.
A chefe de Governo de Hong Kong designada por Pequim, Carrie Lam, alertou na terça-feira para as consequências perigosas dos protestos para a cidade, uma das capitais mundiais das finanças.
“A violência, seja seu uso ou sua justificação, levará Hong Kong por um caminho sem retorno e afundará sua sociedade em uma situação muito preocupante e perigosa”, disse Lam em entrevista coletiva.
“A situação em Hong Kong durante a semana passada me fez temer que tenhamos chegado a esta perigosa situação”, acrescentou.
O movimento, cada vez mais afetado por confrontos entre radicais e a polícia, representa um desafio inédito para o governo em Pequim, que na segunda-feira disse observar “sinais de terrorismo”.
Os jornais Diário do Povo e Global Times, diretamente ligados ao Partido Comunista, divulgaram vídeos que mostram blindados de transporte de tropas seguindo até Shenzhen, metrópole na fronteira com Hong Kong.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou a situação em Hong Kong como “muito difícil”, “complicada”, mas acrescentou que espera que tudo seja resolvido sem violência.
“Espero que se resolva pacificamente. Espero que ninguém saia ferido. Espero que ninguém seja assassinado”, afirmou Trump em declarações a jornalistas em Morristown, Nova Jersey, nesta terça.
Através do Twitter, o presidente informou que os serviços de inteligência americanos alertaram que a China está transferindo tropas para a fronteira com Hong Kong, e acrescentou que “todos devem permanecer calmos e a salvo”.
Na terça-feira, a China negou a solicitação para a visita a Hong Kong de dois navios da Marinha americana, segundo a Frota do Pacífico.