O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, declarou hoje (16) que a Europa não pode mais confiar nos Estados Unidos depois de seu presidente, Donald Trump, ter classificado a região como “o maior adversário mundial” de seu país na área comercial. Maas defendeu a aproximação ainda maior entre os parceiros da União Europeia diante da atual liderança em Washington.
Trump deu a declaração sobre a Europa durante entrevista à rede de televisão americana CBS News. Anteriormente, pelo Twitter, Trump afirmou serem “injustas” as barreiras comerciais impostas pela União Europeia a produtos americanos, apesar de seu governo ter aplicado tarifa de importação de 25% sobre o aço europeu e aberto o flaco para retaliações.
“Nós não podemos mais confiar completamente na Casa Branca. Para manter nossa parceria com os Estados Unidos temos de reajustá-la”, afirmou Maas.
“A primeira consequência clara (à postura de Trump) só pode ser a necessidade de nos alinharmos ainda mais estreitamente na Europa. A Europa não pode se dividir por mais afiados que os ataques verbais e absurdos que os tuítes sejam”, completou o ministro, em entrevista ao grupo Funke, dono de mais de 500 jornais e revistas em oito países europeus.
As declarações de Trump contra a Europa têm como alvo especial a Alemanha. Na recente reunião de líderes da organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o americano criticou Berlim por ser “refém” da Rússia, principal fornecedor de gás natural ao mercado alemão. Por meio do Twitter, Trump responsabilizou a política imigratória da primeira-ministra, Angela Merkel, pelo aumento de criminalidade na Alemanha – algo que não vem ocorrendo, segundo as estatísticas alemãs.
Apesar de sua postura, depois de encontro bilateral com Merkel, afirmou que os Estados Unidos e a Alemanha mantêm uma “tremenda relação”. Mas, diante da primeira-ministra britânica, Theresa May, Trump sugeriu que o Reino Unido processasse a União Europeia em vez de concluir as negociações para sua saída do bloco, o Brexit.
Durante a sua entrevista para a CBS, o presidente americano considerou também a Rússia como adversária em “alguns aspectos”, assim como a China, na área econômica. “Mas isso não significa que sejam mais. Não significa nada. Só significa que eles são competitivos”, completou, referindo-se aos chineses.
(Com Reuters)