O governo da Alemanha convocou nesta segunda-feira (04) o novo embaixador dos Estados Unidos em Berlim, Richard Grenell, a explicar declarações ao portal americano de direita Breitbart nas quais se comprometeu a apoiar formações conservadoras europeias.
“Pedimos uma explicação sobre se esta afirmação foi feita tal como foi divulgada”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. Ele acrescentou que o próprio Grenell terá chance de dar sua versão dos fatos na próxima quarta-feira (06), quando apresentará suas credenciais ao governo alemão e, dessa forma, será oficialmente reconhecido como embaixador americano em Berlim.
A entrega das credenciais, disse a fonte da diplomacia alemã, deverá servir para “esclarecer convenientemente esta questão”. Serão apresentadas ao diretor da área política do Ministério de Relações Exteriores, Andreas Michaelis.
Autoridade em comunicação da máquina do Partido Republicano e ultraconservador, Grenell foi nomeado para o posto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Como embaixador americano na Alemanha, ele será o homossexual em posição mais elevada do governo.
A origem da polêmica está nas declarações do diplomata ao portal de notícias Breitbart, nas quais se mostrava determinado a “empoderar” formações conservadoras na Europa e se dizia convencido de que o avanço desses grupos se deve a um “fracasso dos conceitos esquerdistas”.
Essas afirmações chamaram a atenção por não serem esperadas de um diplomata e foram interpretadas imediatamente em Berlim como ingerência política americana na Alemanha e na Europa. O continente tem assistido à eleição e composição de governos de ultra-direita desde o ano passado, em especial nos países do centro e leste.
Desde então manteve várias reuniões com destacados representantes da ala mais direitista da União Democrata-Cristã (CDU) de Angela Merkel, como o ministro de Saúde, Jens Spahn, considerado um rival interno da chanceler.
Imediatamente ao chegar a Berlim, Grenell foi alvo de críticas por ter pressionado empresas alemãs a abandonar seus negócios no Irã, depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a saída do país do acordo nuclear com Teerã e impôs sanções contra o país.
(Com EFE)