Alemanha processa ex-guarda de campo de concentração por cumplicidade
Homem de 98 anos, que ainda não teve a identidade divulgada, teria atuado como vigia entre julho de 1943 e fevereiro de 1945
A promotoria da Alemanha abriu um processo nesta sexta-feira, 1, contra um ex-guarda nazista do campo de concentração de Sachsenhausen por cumplicidade na morte de mais de 3 mil pessoas, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O homem de 98 anos, que ainda não teve a identidade divulgada, teria atuado como vigia entre julho de 1943 e fevereiro de 1945, quando era adolescente.
A acusação indica que ele teria auxiliado no assassinato “cruel e insidioso” de inocentes. A organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS), a qual o homem teria feito parte, foi responsável por prender cerca de 200 mil pessoas no campo de Sachsenhausen, na cidade alemã de Oranienburg. Entre os detentos estavam políticos, judeus, soldados soviéticos rendidos e pessoas do grupo étnico roma e sinti (conhecidos genericamente como ciganos).
Além da intoxicação nas câmaras de gás, dezenas de milhares de prisioneiros não resistiram aos trabalhos forçados e aos experimentos médicos empregados pelos membros da SS, que iniciaram a construção do campo em 1936, ao norte de Berlim. Pesquisadores acreditam que até 50 mil detentos foram mortos no local.
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O caso será conduzido pelo Juizado Especial de Menores, já que os crimes teriam acontecido na adolescência do réu. Apesar da ausência do nome nos documentos, sabe-se que ele mora em no distrito rural de Main-Kinzing, no estado de Hessen. Uma avaliação psiquiátrica atestou que o homem, quase centenário, está apto pra o julgamento. A investigação de ex-nazistas enfrenta dificuldades em razão da idade avançada dos acusados, que estão na faixa etária dos 90 aos 100 anos.
A Alemanha passou a julgar, desde 2011, os associados ao nazismo por cumplicidade, em adição às acusações criminais de tortura e assassinato. No ano passado, Josef Schütz, de 101 anos, foi considerado culpado pelos assassinatos em massa no mesmo campo de concentração. Ele foi condenado a cinco anos de prisão, mas morreu em abril deste ano, em liberdade, a espera do resultado de um recurso.