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Aliados de Macron discordam sobre papel de extrema-direita em coalizão

Macron precisa de aliados após perder a maioria absoluta no Parlamento. Alguns de seus ministros são abertos a Le Pen, enquanto outros são intransigentes

Por Da Redação
22 jun 2022, 09h51

Os aliados do presidente da França, Emmanuel Macron, estão divididos sobre um possível acordo entre sua aliança centrista com parlamentares de extrema-direita, ou se poderia trabalhar com eles apenas pontualmente, enquanto o líder reeleito busca estabelecer uma maioria no Parlamento após perder assentos nas eleições legislativas.

Alguns dos ministros de Macron bateram o pé para não trabalhar com a Frente Nacional de Marine Le Pen, que garantiu seu maior contingente de legisladores nas eleições e, com 88 assentos, agora é o segundo maior partido na câmara baixa do parlamento.

“Deixe-me ser absolutamente claro, não pode haver qualquer aliança, mesmo que circunstancial, com a Frente Nacional. Não temos ideias em comum com a Frente Nacional”, disse o ministro de Assuntos Europeus, Clement Beaune, à rádio Europe 1 nesta quarta-feira, 22.

Outros, como François Bayrou, um aliado próximo da centro-direita, foram menos intransigentes.

“Há pessoas à direita, à esquerda, no centro, nos extremos. Elas têm o direito de estar lá [no Parlamento], não há nada de ilegítimo. Temos que encontrar uma harmonia para que todas essas sensibilidades entrem na sinfonia que é democracia”, disse Bayrou em entrevista à rádio France Inter.

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Na segunda-feira 20, Celine Calvez, legisladora da aliança Ensemble de Macron, disse à TV France 5 que a coalizão centrista pode fazer acordos pontuais com a Frente Nacional para aprovar alguns projetos: “Quando precisamos ter um maioria e se for bom para os franceses, tentaremos buscar esses votos.”

Depois das eleições legislativas, a França tem um raro caso de “parlamento pendurado”. A aliança centrista de Macron ficou 44 assentos aquém da maioria absoluta, e a extrema-direita e uma ampla aliança de esquerda estão lutando para ser a principal força de oposição.

+ França: Macron leva uma sacudida e os extremos ganham vantagem

Macron ainda não comentou sobre a derrota eleitoral, mas encontrou-se com parlamentares moderados e da oposição na terça-feira 21 para tentar formar uma maioria viável de modo a conseguir governar e aprovar projetos.

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A extrema direita tinha oito parlamentares na assembleia anterior, e nunca teve mais do que os 35 eleitos (em 1986), quando as regras eleitorais favoreciam partidos menores. Le Pen reiterou nesta quarta-feira que seu partido teria uma atitude construtiva.

+ Vitória de Macron sobre Marine Le Pen expõe os limites do populismo

“Nós nos preparamos para isso há muitos anos”, disse ela, acrescentando que a Frente Nacional apoiaria as propostas políticas de que gosta, modificaria outras e rejeitaria as que não aprova – exatamente o que todos os principais partidos da oposição vêm dizendo desde as eleições legislativas no domingo 19.

Por enquanto, os partidos da oposição rejeitam qualquer forma de pacto de coalizão. Assim, a perspectiva mais provável é que Macron tenha que fazer negociações caso a caso sobre cada projeto de lei.

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