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Aliados de Merkel têm derrota histórica na Baviera; extrema direita avança

Partido conservador aliado à chanceler perdeu sua maioria absoluta frente ao avanço dos Verdes e da extrema direita

Por Da Redação
Atualizado em 15 out 2018, 16h03 - Publicado em 14 out 2018, 18h37

O partido conservador CSU, aliado ineludível da chanceler alemã, Angela Merkel, registrou neste domingo (14) um forte retrocesso nas eleições regionais na Baviera, ao perder sua maioria absoluta frente ao auge dos Verdes e da extrema direita, segundo pesquisas das emissoras televisivas públicas ARD e ZDF.

A União Cristã Social (CSU) do chefe de governo do estado, Markus Söder, aparece em primeiro lugar, mas apenas com 35,5% dos votos, ou seja, com uma perda de 12 pontos em relação a 2013, e alcança o seu nível mais baixo desde os anos 1950.

O outro aliado da chanceler a nível nacional, o SPD, obteve menos de 10% dos votos, e se viu superado pelos Verdes (18-19%) e pelo partido anti-imigração Alternativa para Alemanha (AfD), com 11%.

O quinto lugar na contagem de votos, de acordo com as projeções, fica para os liberais do FDP, com 5%.

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Os resultados, antecipados nas pesquisas dos últimos dias, reforçam o risco de uma crise dentro da CSU, cujo presidente é o ministro do Interior, Horst Seehofer, e poderia ter impacto no frágil governo central.

Além disso, as eleições na região de Hesse em duas semanas também se anunciam muito disputadas, desta vez para o partido de centro-direita de Angela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), que governa no estado com os ecologistas.

“Isso é uma clara advertência para a CDU e, por essa razão, a nossa prioridade nas próximas duas semanas deve ser Hesse”, disse neste domingo a secretária-geral do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, na véspera de uma reunião de cúpula da CDU com a participação de Merkel.

As duas eleições “afetarão a política nacional e, consequentemente, a reputação da chanceler”, havia advertido o presidente da Câmara dos Deputados, Wolfgang Schäuble, fiel companheiro de fileiras de Merkel.

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Entretanto, uma das líderes da ultradireitista AfD pediu ao governo que “libere o caminho para eleições antecipadas”. “Os que votaram AfD na Baviera disseram também ‘Que Merkel vá embora'”, enfatizou Alice Weidel.

No poder da primeira economia da Europa há 13 anos, a posição da chanceler em seu país enfraqueceu desde as legislativas federais de 24 de setembro de 2017, nas quais o partido de ultradireita AfD registou uma ascensão fulgurante.

O auge dessa formação se viu favorecido pela chegada de mais de um milhão de refugiados entre 2015 e 2016, apesar da política migratória alemã ter endurecido desde então.

Merkel precisou de seis meses para formar um governo, com um SPD em plena crise e reticente em integrar uma nova grande coalizão.

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Uma pesquisa nacional divulgada neste domingo pelo jornal Bild outorga à dupla CDU/CSU magros 26% de simpatia, enquanto o social-democrata SPD está com 17%, no mesmo nível que os Verdes, e apenas à frente da extrema direita, que tem 15%.

Na católica Baviera, os 35% da CSU ficam muito abaixo dos quase 48 pontos percentuais alcançados em 2013. O partido tentou captar o eleitorado da extrema direita, chegando a imitar a retórica agressiva contra os refugiados, mas sem sucesso aparente.

Horst Seehofer levou o governo central à beira da ruptura ao exigir que endurecesse mais a política migratória e ao apoiar sem rodeios o chefe dos serviços de Inteligência Interior, suspeito de conluio com a extrema direita.

No entanto, o partido que mais coloca a CSU na berlinda não é o AfD, mas os Verdes, que conquistaram o apoio de quase um em cada cinco eleitores.

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“Finalmente haverá democracia na Baviera, a hegemonia terminará”, tuitou antes da votação um dos líderes da formação ecologista.

Uma coisa parece certa: a CSU terá que encontrar um ou vários sócios para formar uma coalizão. Por enquanto, o chefe do governo regional, Markus Söder, descartou a possibilidade de se aliar com os ecologistas, embora não se saiba se continuará no cargo.

O ‘Trump alemão’

Söder está perto de se reeleger depois de pouco mais de 6 meses a frente do governo da Baviera. Ele assumiu o cargo de governador em março de 2018, depois da renúncia de seu companheiro de partido, Horst Seehofer.

Por suas convicções anti-imigração e tentativas de manipular a imprensa, o governador barulhento ficou conhecido como o “Trump da Alemanha”. O alemão, contudo, também chama a atenção por suas fantasiais para o Carnaval alemão.

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A cada ano, ele surpreende seus eleitores. Em um deles, pintou o rosto de verde para se caracterizar como o ogro Shrek, personagem da animação da DreamWorks. Em outro, escolheu pintar-se de amarelo para encarnar o pai de família Homer, da série Os Simpsons, da Fox. Também já se fantasiou de Marilyn Monroe, de Mahatma Ghandi, de punk e de urso-polar, disfarce que lhe caiu muito bem.

O governador de direita afirma querer pôr fim ao que chama de “turismo de refúgio” e, sobretudo, diz defender os valores “tradicionais” da Baviera e do cristianismo. Em junho, ele ordenou que cruzes fossem penduradas em todos os prédios do governo do estado. No passado, ele advogara contra o uso de burcas por mulheres muçulmanas em espaços públicos.

(Com AFP)

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