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‘Ameaça do populismo precisa de resposta global’, diz Mauricio Macri

Resposta começa pela importância de expor falácias de ex-governantes, disse ex-presidente argentino, citando seu próprio país como exemplo

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 jun 2022, 13h33 - Publicado em 3 jun 2022, 11h03
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  • Em meio a uma onda de ascensão de líderes de esquerda na América Latina, o ex-presidente argentino Mauricio Macri afirmou nesta sexta-feira, 3, que “a ameaça global do populismo precisa de uma resposta global”, começando pela importância de expor falácias de governantes, citando a própria Argentina como exemplo.

    “A narrativa do populismo é muito forte, como um papai mágico que vai resolver tudo. Agora, a pandemia aumentou a narrativa intervencionista, porque nos encheram de medo no mundo inteiro. Prognosticaram coisas que nunca aconteceram”, disse durante discurso na Conferência Internacional da Liberdade, em São Paulo. “Mas as consequências dos bloqueios levaram a um cenário terrível. Temos que nos cuidar, dar vacinas para quem quer se vacinar, mas não podemos cercear a liberdade”.

    As mudanças recentes, segundo o argentino, impactam setores como educação, saúde trabalho e a forma como nos relacionamos e comunicamos, “o que faz com que todo mundo peça mais” e coloque em xeque as democracias.

    + Crise argentina já é comparável ao desastre da Venezuela

    “A democracia não é instantânea, então surgem autocratas que dizem ‘eu tenho a solução’, ‘me dê mais poder e eu resolvo’. Isso às custas da liberdade e do nosso futuro. Porque se combinam as autocracias com o populismo. Tudo é de presente, até que as reservas acabam. Então se imprime dinheiro, a inflação aumenta, as pessoas ficam mais pobres. Aí os autocratas comunistas apontam culpados, as corporações”, disse.

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    As falas acontecem em um momento de escrutínio em torno do ex-presidente. No ano passado, o governo do presidente boliviano, Luis Arce, acusou Macri de ter enviado “munições letais” para reprimir as manifestações durante a crise de 2019, colaborando, na prática, para a destituição do então presidente Evo Morales.

    Além disso, Macri é envolvido em um escândalo de suposta espionagem ilegal na Argentina. Similarmente, o ex-presidente foi processado em 2010 por grampos ilegais de adversários quando era prefeito de Buenos Aires, de 2007 a 2015, em um caso que foi arquivado logo depois de ter assumido a Presidência.

    Em relação à Argentina, Macri criticou a destruição de oportunidades no futuro, à medida que há “o maior êxodo de jovens talentosos e empresários da história”. Durante momentos mais duros da pandemia de Covid-19, houve um movimento significativo de empresários argentinos ao Uruguai, onde havia condições sanitárias e econômicas mais favoráveis.

    “Hoje os argentinos vivem em relação com o estado. Com a inflação, as pessoas que dependem do estado aumentam essa dependência. A Argentina é um caso único de riqueza per capita, e isso permitiu que o populismo sobreviva às custas de levar o país a uma pobreza de dois dígitos”.

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    Em março, o índice de inflação da Argentina foi de 6,7%, o segundo mais alto do mundo, atrás apenas da Rússia em guerra (7,6%). Em abril, o Banco Central os elevou pela quarta vez e a taxa anual chegou a 47%, um recorde.

    Outro grande problema para Buenos Aires é o acordo com o Fundo Monetário Internacional para pagar o empréstimo que Macri pegou em 2018 com o FMI totalizando 57 bilhões de dólares. Em janeiro deste ano, o atual presidente Alberto Fernández anunciou a reestruturação das dívidas.

    De acordo com Macri, quando foi eleito em 2015, o país já sofria de uma crise econômica, mas ela era “assintomática”, já que o “esgotamento de reservas do governo populista ainda não havia acontecido”. Ele defende a tese em seu livro de memórias “Primer Tiempo” – o que sugere que, muito possivelmente, pode haver um “segundo tempo” em sua vida política.

    “Criei expectativas muito altas, e não pude cumpri-las. Mas agora o povo percebe que me tirar do poder e voltar atrás levou-o para um nível muito mais baixo do que quando comecei o governo”, afirmou o ex-presidente argentino.

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    Para ele, o populismo, na verdade, nunca deixou o poder no país, preservando maiorias no legislativo e permanecendo forte entre sindicatos. Sobre a eleição de Lula no Brasil, ele disse: “Espero que o Brasil entenda que foi muito ruim para a Argentina voltar no tempo.”

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