Apertos de mãos que mudaram a história
Repetido em encontros históricos, o gesto simbolizou o descongelamento de relações diplomáticas, o fim de conflitos e a pacificação de nações
Quando o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, apertou a mão do líder norte-coreano Kim Jong Un nesta sexta-feira 27 na linha de demarcação da Zona Desmilitarizada, ambos uniram simbolicamente a península, que está dividida há seis décadas.
Acompanhe uma retrospectiva de outros apertos de mão que marcaram um ponto de inflexão em seu tempo:
Nixon e Mao, em 1972
Em 21 de fevereiro de 1972, o então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, desembarcou em Pequim para uma inédita visita de sete dias à China. Seu objetivo era aproximar o país comunista da órbita americana em plena Guerra Fria.
A principal imagem da visita foi o aperto de mãos entre Nixon e o líder chinês Mao Tse-tung.
A visita provocou concessões da União Soviética aos Estados Unidos. Em 22 de maio daquele ano, Nixon tornou-se o primeiro presidente a visitar Moscou e apertou as mãos do então presidente soviético, Nikita Kruchev.
Sadat e Begin, em 1977
Em 19 de novembro de 1977, o então presidente do Egito, Anwar al-Sadat, foi o primeiro chefe de Estado árabe a visitar Israel desde sua fundação, em 1948. Essa visita aconteceu após quatro guerras entre árabes e israelenses.
Sadat desembarcou no aeroporto de Lod, perto de Tel-Aviv, para uma visita de 43 horas. Na pista de pouso, era aguardado pelo colega israelense Efraim Katzir e pelo primeiro-ministro Menahem Begin. Os três apertaram as mãos, atrás de uma multidão de fotógrafos e seguranças.
A viagem histórica a Jerusalém abriu o caminho para os Acordos de Camp David, que possibilitaram a assinatura do tratado de paz entre Israel e Egito, em março de 1979. Esse foi o primeiro acordo assinado entre o Estado judeu e seus vizinhos.
Sadat, muito criticado em seu propio país, foi assassinado por um islamita em 1981.
Arafat e Rabin, em 1993
Depois de meses de negociações secretas na Noruega, o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yaser Arafat apertaram as mãos no jardim da Casa Branca, em 13 de setembro de 1993, diante do presidente americano Bill Clinton.
Na ocasião, foi estabelecida uma declaração de princípios para uma autonomia palestina transitória.
Clinton virou-se então para Rabin e apertou sua mão e, em seguida, fez o mesmo com Arafat. O presidente americano abriu os braços e criou o espaço para que Arafat e Rabin dessem o aperto de mãos que entrou para a história, muito aplaudido.
Rabin foi assassinado um ano depois por um extremista judeu contrário ao processo de paz, que no ano seguinte começou a perder força.
Chávez e Obama, em 2009
Em 17 de abril de 2009, Barack Obama e o presidente venezuelano Hugo Chavez, crítico da política americana, apertaram as mãos de forma inesperada no início da Cúpula das Américas de Trinidad e Tobago.
O breve encontro ganhou as manchetes em todo o mundo e rendeu muitas críticas do Partido Republicano ao presidente americano.
O cumprimento, no entanto, não provocou nenhuma mudança nas relações entre Washington e Caracas.
Rainha Elizabeth e Martin McGuinness, em 2012
Em um gesto fundamental do processo de paz na Irlanda do Norte, a rainha Elizabeth se reuniu com Martin McGuinness, ex-comandante do grupo armado IRA, que por décadas cometeu atos terroristas e enfrentou o exército britânico.
O IRA desejava acabar com a presença britânica na província e, para isto, queria a união das duas Irlandas. Posteriormente, McGuinness tornou-se um dos negociadores do fim da violência.
McGuinness, que na época era primeiro vice-ministro da Irlanda do Norte, apertou a mão da rainha quando a soberana visitou a província em 2012. Ele faleceu em 2017.
Obama e Castro, em 2013
No funeral de Nelson Mandela, em 2013, o presidente americano Barack Obama e o líder cubano Raúl Castro apertaram as mãos, em um gesto inusitado entre governantes de dois países que, durante décadas, foram inimigos.
Em poucos meses, um rápido degelo foi registrado e, em julho de 2015, as relações diplomáticas plenas foram restauradas após mais de meio século de inimizade.
Obama visitou Cuba em 2016, na primeira viagem de um presidente americano à ilha em 88 anos. Washington aliviou o embargo sobre a ilha e as companhias aéreas americanas começaram a viajar para Havana em novembro de 2016.
Santos e Timochenko, em 2015
Em 23 de setembro de 2015, em Havana, o presidente colombiano Juan Manuel Santos e o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, apertaram as mãos em um pacto de justiça, como parte dos diálogos de paz.
Santos e Londoño, conhecido como Timoleón Jiménez ou Timochenko, fizeram o gesto na presença do líder cubano Raúl Castro.
A cena deu-se ao final de três anos de negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha, agora transformada em partido político.
(Com AFP)