Cinco pequenos navios zarparam nesta segunda-feira, 1, para a primeira caça comercial de baleias do Japão em mais de 30 anos, uma medida que provocou repúdio global e temores a respeito do destino desses animais.
O Japão vem dizendo há tempos que há poucas espécies de baleia ameaçadas, e a notícia de dezembro de que o país deixaria a Comissão Baleeira Internacional (IWC) para retomar a caça foi resultado de anos de campanha de defensores da indústria e do primeiro-ministro, Shinzo Abe, cujo eleitorado inclui uma cidade que manteve a prática por muito tempo.
“Se tivéssemos mais baleias disponíveis, nós as comeríamos mais”, disse Sachiko Sakai, taxista de 66 anos de Kushiro, cidade portuária de Hokkaido, ilha no extremo norte japonês, de onde os navios baleeiros partiram após uma cerimônia curta.
“É parte da cultura alimentar do Japão”, disse Sakai, acrescentando que ela comia muita carne de baleia na infância. “O mundo se opõe à caça às baleias, mas se pode dizer o mesmo de muitos dos animais criados em terra e abatidos para servir de alimento”.
Os navios, que devem ser acompanhados por embarcações de Shimonoseki, um porto do sul, passarão a maior parte do verão caçando baleias-de-minke e baleias-bicudas-de-baird.
Tripulantes com coletes salva-vidas laranjas se posicionaram nos conveses quando os navios de casco azulado zarparam de Kushiro, alguns com bandeiras vermelhas tremulando nos mastros.
O Japão iniciou a caça às baleias para pesquisas científicas um ano após uma proibição de 1986 à caça comercial, visando reunir o que classificou com dados populacionais cruciais, mas abandonou a caça comercial em 1988.
Críticos disseram que o programa era simplesmente caça comercial disfarçada depois que a carne de animais recolhidos para pesquisa apareceu em balcões de lojas e em restaurantes.
A cota de caça comercial deste ano, que inclui baleias-de-minke, baleias-bicudas-de-baird e baleias-sei, é de 227, disse a Agência de Pesca. A cota, que será determinada anualmente, é menor do que as 330 baleias que o Japão caçava na Antártida até recentemente.
(Com Reuters)