Após atentado, Trump viaja à convenção que o oficializará como candidato
O ex-presidente dos EUA chegou a Wisconsin junto a um furacão de ativistas, jornalistas e políticos, menos de 48h depois de sofrer ataque a tiros

Em meio a um furacão de ativistas, políticos e jornalistas, o ex-presidente americano Donald Trump pousou na cidade de Milwaukee, em Wisconsin, nesta segunda-feira, 15, menos de 48 horas depois de sofrer um ataque a tiros durante um comício eleitoral na Pensilvânia. Lá, ocorrerá a Convenção Nacional do Partido Republicano, que oficializará a candidatura de Trump pela legenda. Espera-se que ele realize um discurso na quinta-feira, 18, no qual nomeará seu colega de chapa para a eleição dos Estados Unidos, em novembro.
A tentativa fracassada de assassinato, que deixou dois participantes do comício gravemente feridos e um morto, aumentou as tensões do evento. A cidade é politicamente diversa, e tem muitos eleitores democratas. Nesta segunda-feira, haverá um protesto contra a convenção republicana. Promovida por vários grupos, a manifestação é a favor do acesso ao aborto, da proteção dos direitos para imigrantes e contra a guerra em Gaza, entre outras questões.
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Dentro da convenção, realizada no estádio do Milwaukee Bucks, Trump anunciará seu candidato a vice-presidente. Disputando o posto estão Doug Burgum, governador da Dakota do Norte, o senador da Flórida Marco Rubio, e JD Vance, um senador de Ohio cuja adesão à “direita dura” trumpista impulsionou sua popularidade. O filho do ex-presidente, Donald Trump Jr., deve apresentar o colega de chapa do pai na quarta-feira, 17, quando o postulante a vice fará um discurso.
Na quinta-feira, 18, o partido nomeará Donald Trump formalmente como candidato presidencial republicano. Ele deve fazer um discurso nesta data, provavelmente — como é de praxe — para fechar o evento.
O tom do partido
A convenção contará com uma lista de palestrantes conservadores cujos discursos destacarão quais são as questões-chave para o Partido Republicano e para a campanha de Trump, incluindo temas como imigração, economia e aborto.
Isso ocorre após semanas de caos e incerteza na campanha do atual presidente, Joe Biden, depois que seu desempenho desastroso no primeiro debate presidencial aumentou preocupações dentro do Partido Democrata sobre a sua capacidade de governar e vencer a eleição aos 81 anos. Após o tiroteio, a campanha democrata anunciou que interromperia propagandas eleitorais na TV e “pausaria todas as comunicações externas”.
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O evento oferecerá a Trump a oportunidade de definir o tom para o Partido Republicano após o atentado na Pensilvânia no sábado. Pouco depois do comício, ele parecia resoluto, escrevendo em uma postagem nas redes que pensou em adiar sua viagem a Wisconsin, “mas acabei de decidir que não posso permitir que um ‘atirador’, ou potencial assassino, force uma mudança na programação ou qualquer outra coisa”.
Publicada no fim da noite de domingo, 14, a primeira entrevista do ex-presidente após sofrer uma tentativa de assassinato tentou mostrar um homem mudado pela experiência. Trump afirmou ao The New York Post que jogou fora o discurso que havia preparado para a Convenção Nacional do Partido Republicano. Segundo ele, a fala era “extremamente dura, muito boa, sobre a administração corrupta e horrível” do atual chefe da Casa Branca, Joe Biden. Agora, estava redigindo uma nova versão porque “quero tentar unir nosso país”, embora tenha concedido que a tarefa não seria fácil.
“Não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas”, afirmou, explicando que as diferenças políticas são o obstáculo. “Algumas pessoas querem fronteiras abertas, outras, não. Alguns querem que os homens possam jogar em equipes esportivas femininas, e outros, não.”
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Sobre Biden, ele disse que gostou do telefonema que recebeu no domingo, 14, do presidente, chamando-o de “bom”. Biden foi “muito legal”, elogiou, sugerindo, sem dar detalhes, que a campanha entre eles poderia ser mais civilizada a partir de agora.
Sejam essas ou não as verdadeiras intenções de Trump, ao que tudo indica, o atentado pode produzir o efeito contrário, adicionando tensão à corrida eleitoral e acirrando a polarização entre democratas e republicanos. Já surgiram teorias da conspiração afirmando que o episódio foi armado para aumentar a popularidade de Trump, enquanto críticos que não acreditam nas conspirações alertam, mesmo assim, contra o uso político do atentado pela campanha trumpista.