O governo do Sri Lanka vetou a circulação de pessoas com o rosto coberto nos espaços públicos do país. A decisão é uma consequência dos atentados suicidas do domingo de Páscoa, em que uma série de explosões contra hotéis de luxo e igrejas da cidade de Colombo deixaram pelo menos 253 mortos.
O presidente do país asiático, Maithripala Sirisena, afirmou que a medida faz parte de uma lei de emergência e entra em vigor já nesta segunda-feira, 29.
Qualquer vestimenta para o rosto que “dificulte a identificação” está agora proibida por “motivos de segurança”. Líderes muçulmanos criticaram a iniciativa, que ignora as tradições do niqab e da burka, trajes obrigatórios das mulheres fiéis à religião.
Em uma população de 21 milhões de pessoas, menos de 10% dos habitantes do Sri Lanka seguem a religião islâmica e, segundo informações oficiais, são poucas as mulheres adeptas do niqab, uma peça que cobre o rosto, e da burka, uma cobertura completa de rosto e corpo.
Na semana passada, um parlamentar do Sri Lanka já havia proposto o banimento do uso de burka, também alegando preocupações com a segurança.
“Esta é a pior atitude. Há três dias nós, da comunidade muçulmana, tomamos uma decisão voluntária a respeito deste assunto. O ceilão Jamiyyathul Ulama (liderança religiosa islâmica do país) autorizou as mulheres muçulmanas a não usar seus véus por questões de segurança. Se elas preferissem manter seus véus, estavam orientadas a não sair de casa”, afirmou à BBC Hilmy Ahmed, o vice-presidente do Conselho Muçulmano do Sri Lanka.
“Nós vemos este decreto como um reflexo do conflito entre o presidente e o primeiro-ministro. Nós criticamos fortemente esta decisão e não aceitaremos a intervenção das autoridades sem que elas consultem nossa liderança religiosa”, completou Ahmed.
O Sri Lanka não é pioneiro na proibição de véus em espaços públicos. Em países como a França, a Bélgica e a Dinamarca já são vetadas as vestimentas que cubram o rosto. Na África, o Chade, o Gabão e a República Democrática do Congo também têm restrições do tipo.
Os atentados no país asiático, há oito dias, foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI). Dezenas de suspeitos foram presos mas o governo alerta que mais militantes terroristas estão desaparecidos.
Novo chefe de polícia
Também hoje, o governo do Sri Lanka designou um novo chefe para a polícia do país, depois que Pujitha Jayasundara foi demitido por não ter compartilhado os relatórios que alertavam com antecedência sobre os planos de atentados terroristas.
O oficial Wikremerantne, que até agora tinha ocupado o posto de segundo no comando das forças policiais, foi escolhido novo Inspetor Geral de Polícia (IGP), informou o escritório da presidência através de um comunicado.
Após os atentados, o presidente, Sirisena, pediu a demissão de Jayasundara e do secretário de Defesa, Hemasiri Fernando, depois que foi revelado que os organismos de segurança receberam antecipadamente informações sobre a série de atentados que atingiram o país.
Segundo essa versão, foram descumpridos os protocolos para levar a informação ao nível mais alto. Fernando apresentou sua demissão na quinta-feira 25 assegurando que abandonava o cargo para facilitar as investigações apesar de, segundo ele, ter divulgado “sistematicamente a informação de inteligência recebida sobre os ataques aos funcionários e departamentos competentes” e ter cumprido com seu “dever”.
Os brutais atentados do último dia 21 foram executados por pelo menos nove suicidas munidos de potentes explosivos e vinculados também a organizações extremistas locais. Desde então, foram encontrados e desativados vários artefatos em diferentes pontos de Colombo.
Durante as investigações, pelo menos dezesseis pessoas já morreram e outras 150 foram detidas, com a expropriação de grandes somas de dinheiro e armas.
(com Agência Efe)