Dois dias depois de um ataque à ponte da Crimeia, que liga a península anexada em 2014 ao território russo, as forças do presidente Vladimir Putin fizeram o mais amplo ataque a cidades da Ucrânia em mais de três meses.
Ao menos 75 mísseis, segundo o Exército ucraniano, atingiram alvos em centros urbanos como Kiev, Lviv, Ternopil, e Zitomir, no oeste do país, Dnipro e Krementchuk, na região central, e Mikolaiv e Zaporizhzhia, no sul. A capital registrou ao menos quatro explosões, no primeiro ataque desde o dia 26 de junho. Só lá, ao menos dez pessoas morreram e 60 ficaram feridas.
A ação é uma retaliação do Kremlin à explosão ocorrida no sábado 8 na gigantesca obra que Putin inaugurou em 2018 como uma das principais de seu governo de mais de duas décadas. O ataque foi atribuído a um caminhão-bomba e autoridades ucranianas ficaram exultantes após a explosão, mas Kiev não reivindicou a responsabilidade.
Em um discurso televisionado, Putin disse que Moscou lançou ataques de mísseis de longo alcance contra a infraestrutura de energia, militar e de comunicações da Ucrânia nesta segunda-feira, 10, em retaliação ao ataque na Crimeia no fim de semana. Ele classificou o episódio, que destruiu uma das pistas da ponte, como um “ataque terrorista contra infraestrutura civil crítica”.
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“É óbvio que os serviços secretos ucranianos ordenaram, organizaram e executaram o ataque terrorista destinado a destruir a infraestrutura civil crítica da Rússia“, disse Putin.
“Através de suas ações, o regime de Kiev se colocou em pé de igualdade com os mais odiosos grupos terroristas internacionais. É simplesmente impossível deixar crimes desse tipo sem resposta”, completou. Ele ainda ameaçou respostas duras da Rússia, em escala correspondente ao nível das “ameaças criadas para a Federação Russa”, se os “ataques terroristas continuarem”.
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Cidades em toda a Ucrânia ficaram sem energia ou água e várias pessoas foram mortas. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que o terrorista era o presidente russo, não Kiev: “Putin é um terrorista que fala com mísseis”.
Já o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os ataques do Kremlin parecem ter sido programados deliberadamente para matar pessoas e cortar a eletricidade. Segundo autoridades da Ucrânia, 11 grandes alvos de infraestrutura foram atingidas em oito regiões, deixando partes do país sem energia, água ou aquecimento.