Um dia após o rompimento da barragem ucraniana de Nova Kakhovka, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou nesta quarta-feira, 7, em meio ao aumento da pressão de Kiev. No que definiu como “trágico e duradouro impacto da guerra”, o Itamaraty apontou que o incidente demonstra a “urgência da busca do entendimento” entre os lados opostos do conflito, que teve início em fevereiro do ano passado.
Maior reservatório ucraniano em volume de água, com 30 metros de altura e 3,2 km de comprimento, a barragem fornece água para a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e para o sistema de resfriamento dos reatores na usina nuclear de Zaporizhzhia, também sob controle russo, a partir das águas do rio Dnipro.
Com o seu colapso, milhares de residentes de cidades próximas, incluindo Kherson, tiveram que deixar suas casas.
“O governo brasileiro está disposto a colaborar, inclusive com as organizações internacionais competentes, para a mitigação das consequências do incidente. Além disso, considera indispensável a apuração de responsabilidades no episódio por entidade internacional isenta e independente”, disse o comunicado do governo.
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Outras lideranças internacionais, como a União Europeia, as Nações Unidas e a Casa Branca, também estão monitorando os desdobramentos das enchentes provocadas pela destruição da represa, para prestar ajuda aos afetados.
Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o incidente representa um “ataque ultrajante à infraestrutura civil” ucraniana, colocando em risco a vida de moradores da área.
Com o apoio do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, agências britânicas estariam investigando as causas do colapso. De acordo com o premiê, caso o presidente da Rússia, Vladimir Putin, seja oficialmente apontado como culpado, o ataque “apenas demonstraria os novos pontos baixos” das forças russas.
A declaração brasileira ressalta, ainda, o telefonema entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. Realizada também nesta quarta-feira, a conversa teve como objetivo debater “a preservação da segurança nuclear da usina de Zaporizhzhia” e reiterar o “firme apoio ao trabalho técnico” da instituição.
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As convenções de Genebra, que pautam o Direito Internacional Humanitário, caracterizam a destruição de construções que atendem à população como crimes de guerra. Até o momento, tanto russos como ucranianos negam a autoria do ataque, mas ambos os lados têm trocado acusações.
Enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, caracterizou a destruição da represa como “uma bomba ambiental de destruição em massa”, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou os ucranianos de “sabotagem deliberada” para “privar a Crimeia de água” e afetar os conflitos nos campos de batalha.
Durante visita do presidente da Finlândia, Sauli Niinistö, a Brasília na última quinta-feira, 1, Lula reforçou a neutralidade do Brasil em relação ao conflito. Apesar de comentários polêmicos sobre a Ucrânia, o petista criticou a invasão russa e realizou um discurso a favor da paz entre os países.
“Não acontecerá nada enquanto Ucrânia e Rússia não tomarem a decisão de que querem a paz. Portanto, o Brasil faz parte de um grupo de países que querem se manter neutros para construir a possibilidade do fim da guerra”, explicou na ocasião.