O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta segunda-feira, 12, que o governo de Cuba “escute” os manifestantes que tomaram as ruas do país no domingo em protesto contra o governo, a crise econômica e a gestão da pandemia de Covid-19. Segundo ele, os protestos representam “um pedido de liberdade” no “bravo” exercício dos “direitos fundamentais”.
Aos gritos de “liberdade” e pedindo a renúncia do presidente Miguel Díaz-Canel, milhares de pessoas foram às ruas em diferentes cidades do país, entre elas Havana, no domingo. Na capital, as manifestações pacíficas foram interceptadas por forças da segurança e apoiadores do governo, ocasionando confrontos violentos e prisões.
“Os EUA estão firmemente com o povo cubano na defesa de seus direitos universais, e pedimos ao governo que se abstenha de violência em suas tentativas de silenciar a voz do povo cubano” disse Biden durante entrevista coletiva na Casa Branca.
O presidente americano, no entanto, não respondeu perguntas sobre possíveis mudanças do governo americano à política de embargo em relação a Cuba.
Mais cedo nesta segunda-feira, Biden já havia falado sobre os protestos em Cuba, expressando apoio aos cubanos.
“Estamos ao lado do povo cubano e seu claro apelo por liberdade e alívio das trágicas consequências da pandemia e das décadas de repressão e sofrimento econômico a que tem sido submetido pelo regime autoritário de Cuba”, afirmou. “Os Estados Unidos pedem ao regime cubano que escute seu povo e atenda suas necessidades neste momento”.
Pouco antes de Biden emitir sua declaração, Diaz-Canel culpou as sanções dos EUA, que foram reforçadas nos últimos anos, por problemas econômicos como a falta de remédios e de energia elétrica que alimentou protestos incomuns no fim de semana.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, por sua vez, acusou “mercenários” financiados pelos EUA de fomentarem a crise através de uma campanha antigoverno.
Os protestos eclodiram em meio à pior crise econômica de Cuba desde o desmembramento da União Soviética, sua antiga aliada, em 1991, e, mais recentemente, um aumento recorde de infecções por coronavírus, com pessoas denunciando a escassez de produtos básicos, restrições às liberdades civis e tratamento das autoridades da pandemia.
O evento pode fazer história, já que é a primeira vez que um grande grupo de cubanos sai às ruas de Havana para protestar contra o governo desde o famoso “Maleconazo” de 1994, no meio da crise econômica do chamado “Período Especial”.