Em meio à crescente discussão sobre figuras históricas e racismo, a cidade de Chicago removeu temporariamente nesta sexta-feira, 24, duas estátuas do navegador italiano Cristóvão Colombo, uma semana após manifestantes tentarem derrubar um dos monumentos, levando a um violento confronto com a polícia.
Há poucas semanas, estátuas de Colombo foram danificadas em outras partes do Estados Unidos, como em Boston, e em Richmond, no estado da Virgínia. Manifestantes consideram que os monumentos distorcem a história e minimizam ou ignoram a crueldade do explorador com povos nativos das Américas.
Segundo o escritório da prefeita de Chicago, Lori Lightfoot, a decisão de remover a estátua “é um esforço para proteger a segurança pública e preservar um espaço seguro para um diálogo público democrático sobre os símbolos de nossa cidade”.
“Isto vem em resposta às manifestações que se tornaram perigosas tanto para manifestantes quando para a polícia, assim como aos esforços de indivíduos para derrubar de forma independente a estátua do Parque Grant de forma extremamente perigosa”, afirmou a prefeitura em um comunicado.
Durante o protesto gerado após a tentativa de derrubada da estátua, na semana passada, quatro manifestantes ficaram feridos e outras 14 pessoas foram presas, segundo a polícia local.
Colombo, que navegou pela Coroa Espanhola, ainda é um forte símbolo para grupos ítalo-americanos, que se opõem à retirada das estátuas.
“Nós, como uma comunidade, nos sentimos traídos”, disse Pasquale Gianni, do Comitê Cívico Conjunto de Italianos-Americanos, à rede local ABC7. “Nós sentimos que parte de nossa herança foi tirada de nós. Essas estátuas representam muito mais que apenas objetos, mas o sangue, o suor e as lágrimas de toda as contribuições de ítalo-americanos para esta grande cidade”.
Ativistas e manifestantes afirmam que a chegada de Colombo ao “Novo Mundo”, em outubro de 1492, resultou em genocídio e na exploração de povos nativos da região.
A prefeitura de Chicago afirmou que irá anunciar em breve um processo formal envolvendo todos os seus monumentos, memoriais e painéis, como parte de uma revisão em andamento em várias cidades para diversificar obras que em maioria homenageiam homens brancos.
Após o assassinato em 25 de maio do afro-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis, diversos movimentos espontâneos contra a violência policial começaram na região, e posteriormente no mundo. O policial Derek Chauvin ficou ajoelhado no pescoço de Floyd por oito minutos e quarenta e seis segundos, enquanto o homem estava deitado de bruços em uma estrada, sem apresentar qualquer risco.
Dentro do movimento, uma série de questionamentos foi iniciada sobre estátuas e representações de figuras históricas que carregam cunhos racistas. Em Bristol, na Inglaterra, manifestantes antirracismo derrubaram uma estátua de um traficante de escravos do século 17 durante um protesto em solidariedade ao movimento dos Estados Unidos. Já na Bélgica, a cidade de Antuérpia retirou em junho uma estátua do rei Leopoldo, após o patrimônio ser vandalizado durante protestos contra o racismo pela participação do monarca na exploração do Congo.
(Com Reuters)