Multidões de aposentados na China foram às ruas pelo terceiro dia nesta quinta-feira, 16, para protestar contra cortes em benefícios médicos. As manifestações começaram no dia 8 de fevereiro, depois que autoridades chinesas informaram que o financiamento de despesas médicas para idosos seria cortado.
As mudanças nos benefícios de saúde para aposentados, que as autoridades descreveram como reformas, ocorrem no momento em que a China começa a se recuperar de uma onda brutal de contaminações por Covid-19.
Os aposentados se reuniram pela segunda vez na quarta-feira 15, em Wuhan, cidade em que foi detectado o primeiro caso de coronavírus, bem como em Dalian, no nordeste do país. As autoridades de ambas as metrópoles alegaram não ter conhecimento dos protestos mais recentes.
A segunda rodada das manifestações em sete dias é uma tentativa de pressionar o governo do presidente chinês, Xi Jinping, apenas algumas semanas antes das eleições de uma nova equipe de liderança no Congresso Nacional do Povo.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram os manifestantes, em sua maioria idosos, com cartazes afirmando que a medida ocorre justamente enquanto todos os custos com saúde aumentaram.
Apesar destas questões serem tratadas em níveis provinciais, os protestos se espalharam para diversas partes do país e o movimento aparenta ser uma renovação na crença do poder de manifestações no colosso asiático. No final de 2022, milhares de jovens chineses participaram de protestos que pressionaram o governo a revogar sua rígida política sanitária, conhecida como “Covid Zero”.
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No entanto, a mudança abrupta na política colocou o sistema médico da China sob enorme pressão, já que o coronavírus se espalhou rapidamente pelo país. Isso levou a um número desconhecido de mortes, principalmente por falta de transparência dos dados oficiais. Além disso, em um relatório feito pela BBC, estima-se que a grande maioria das vítimas do surto de Covid eram idosos.
O plano de mudança nos benefícios de saúde foi alardeado pelo governo como uma maneira de compensar os níveis de reembolso, para que o país seja capaz de aumentar a cobertura médica e incluir mais áreas. Porém, nas redes sociais, críticos da nova medida afirmaram que as autoridades chinesas estão tentando recuperar o dinheiro gasto em testes obrigatórios de Covid-19 e de outras medidas aplicadas durante a pandemia.
A agência de notícias financiada pelos Estados Unidos, Radio Free Asia, informou que os aposentados da indústria de ferro e aço constituíam uma proporção significativa do grupo de manifestantes em Wuhan.
É difícil ver protestos em um país onde organizar demonstrações contra o governo, sejam quais forem, pode levar a punições severas, incluindo prisão. Por isso, os manifestantes idosos decidiram cantar o hino comunista do país, a Internacional, para indicar que não são contra o governo ou o Partido Comunista Chinês.
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Os três anos de crise pandêmica, seguidos por uma saída conflituosa da política “Covid Zero”, geraram um grande descontentamento na população chinesa com as políticas de saúde do país. Xi Jinping defendeu sua gestão do coronavírus na China, e agora o Partido Comunista luta para explicar o porquê de uma reviravolta tão repentina.