Depois de enfrentar a acusação, suspensão e renúncia de seu líder, em junho passado, a Arquidiocese de Washington, nos Estados Unidos, publicou hoje em sua página na internet uma lista de seus 31 sacerdotes acusados de abuso sexual desde 1948. Em nota para a comunidade católica, a instituição faz um apelo para que toda a ação suspeita de seus padres, funcionários e voluntários seja denunciada.
“Esta lista é uma lembrança dolorosa dos graves pecados cometidos pelos clérigos, dos sofrimentos infligidos a jovens inocentes e um dano à fidelidade da Igreja, pelos quais continuamos a pedir perdão”, afirmou o cardeal Donald Wuerl, arcebispo emérito de Washington, que ordenou a elaboração desta lista em 2017, na mesma nota.
Da lista constam 28 padres da arquidiocese e mais três sacerdotes que trabalharam temporariamente em paróquias e escolas da mesma área. Wuerl destacou não ter havido nenhuma acusação de abuso de menores contra sacerdotes da Arquidiocese de Washington nas duas últimas décadas e nenhum caso de padre em atividade que tenha sido sujeito de “alegações críveis”.
A iniciativa da Igreja na capital americana se dá há apenas um mês da renúncia do cardeal arcebispo Theodore McCarrick, que foi aceita pelo papa Francisco. Um dos mais populares sacerdotes católicos dos Estados Unidos, McCarrick foi acusado de abuso de menores e de adultos.
Wuerl, por sua vez, teve sua renúncia aceita pelo papa Francisco no último dia 12. Ele é apontado como responsável por acobertar casos de abuso sexual ocorridos quando era arcebispo de Pittsburgh e, recentemente, foi acusado pelo ex-núncio apostólico em Washington Carlos María Viganò de ter encoberto os atos de McCarrick. Wuerl continua na posição de administrador apostólico em Washington e, nessa condição, determinou a publicação da lista
Segundo o jornal Washington Post, 50 das 196 dioceses e arquidioceses católicas nos Estados Unidos publicaram listas similares de padres acusados de abuso sexual. A Igreja foi abalada neste ano particularmente pelo relatório da Procuradoria-geral do estado da Pensilvânia, que apontou mais de 1.000 vítimas de abuso por cerca de 300 religiosos desde o final dos anos 1940. A procuradoria denunciou também as práticas adotadas para encobrir os crimes.