As relações perigosas entre Trump e Epstein
A reação da oposição veio na forma de uma incômoda campanha publicitária, associando os dois bilionários

Como todo populista que se preze, Donald Trump mantém uma base aguerrida, sempre disposta a aplaudir qualquer disparate que o presidente americano produza, contanto que venha acompanhado da justificativa de “fazer a América grande novamente”. Ao completar seis meses de governo, porém, o MAGA (como o movimento é conhecido na sigla em inglês) apresenta sua primeira fissura. E quem a causou foi o próprio presidente. Após alimentar por anos a versão não comprovada de que membros do Partido Democrata estavam implicados até o pescoço com Jeffrey Epstein (que foi julgado, condenado e se suicidou na cadeia), é ele quem é agora chamado a se explicar a respeito de suas ligações com o investidor responsável pela rede de exploração de adolescentes nas altas rodas de Wall Street. A reação da oposição veio na forma de uma incômoda campanha publicitária, associando os dois bilionários, que ganhou destaque na recente viagem oficial à Escócia. Tudo começou quando Elon Musk deixou o governo dizendo que o ocupante da Casa Branca figurava nos inquéritos do caso. O que parecia pura especulação se agravou, em maio, após a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, confirmar a informação para o mandatário. Seguindo o roteiro de sempre, Trump passou a classificar seus críticos de “fanáticos da esquerda”. Para piorar a situação, documentos recém-revelados apontam para uma possível relação entre ambos mais próxima do que se imaginava. Fotografias, registros de voos e bilhetes celebrando a amizade voltaram à tona. Não apareceu até agora nada que o incrimine, mas Trump, ao que tudo indica, terá de seguir dando muitas explicações.
Publicado em VEJA de 1º de agosto de 2025, edição nº 2955