As três etapas para se tornar um santo
Aproveitando a beatificação de João Paulo II neste domingo, descubra qual é o caminho para alcançar a santidade
Desde a reforma do Código de Direito Canônico de 1983, os obstáculos e as exigências para a canonização na Igreja Católica diminuíram. O papa João Paulo II, que promulgou o novo código, chegou a proclamar 476 santos e 1.314 beatos em 25 anos de pontificado. Para ser considerado um santo perante os católicos, é preciso passar por três etapas: confirmação das “virtudes heroicas”, beatificação e canonização. As últimas duas exigem a comprovação de um milagre.
O primeiro passo, geralmente dado pelo bispo da diocese à qual pertence o aspirante (dificilmente antes dos cinco anos posteriores à sua morte), é fazer uma investigação para confirmar que o candidato tenha “fama de santidade” e mereça ser canonizado. O próprio bispo ou um “postulador” (espécie de advogado de defesa) levam a proposta à Congregação para as Causas dos Santos – conhecida como “fábrica de santos” – que dá (ou não) o aval para iniciar o verdadeiro processo das “virtudes heroicas”.
O postulador deve reunir todas as provas de “santidade” do candidato – depoimentos, cartas e escritos – para demonstrar que este praticava de forma heroica e continuada as virtudes da fé. Todas essas informações são passadas ao “promotor da fé” (antigamente chamado de “advogado do diabo” porque criava obstáculos no caminho do candidato), que hoje ajuda indiretamente o futuro santo a demonstrar suas qualidades.
Durante esta etapa, os teólogos consultores, os cardeais e até o papa podem opinar no processo. Se as virtudes forem confirmadas, ainda é necessário comprovar a existência de pelo menos um milagre, o que não é tarefa fácil. A “fábrica de santos” conta com a ajuda de uma equipe de 70 médicos e vários especialistas para isso, e o indivíduo supostamente curado pelo santo deve ser submetido a uma série de estudos clínicos. Para, finalmente, ser considerado santo, é preciso comprovar mais um milagre. O beato, então, é canonizado, e entra no rol das santidades da Igreja Católica.
O milagre é considerado uma cura de forma instantânea, perfeita, duradoura e inexplicável cientificamente, como a de uma doença incurável ou muito difícil de se tratar. No caso de Madre Teresa de Calcutá, foi a cura inexplicável do câncer de estômago da jovem indiana Monica Besra, de 35 anos, salvando-a da morte em 1998.
(Com agência France-Presse)