Assassino em série se declara culpado por 8 assassinatos no Canadá
Bruce McArthur encontrava suas vítimas no distrito gay de Toronto; corpos mutilados foram encontrados em vasos de plantas, com indícios de violência sexual
Indiciado nesta terça-feira, 29, pela morte de oito frequentadores de um bairro LGBT de Toronto, o paisagista canadense Bruce McArthur, de 67 anos, se declarou culpado por todos os homicídios premeditados que cometeu. Considerado um assassino em série, ele foi preso em 18 de janeiro do ano passado.
O tribunal que o julga emitirá sua sentença em 4 de fevereiro. Ele deverá ser condenado à pena de prisão perpétua, com direito de pedir liberdade condicional somente aos 91 anos.
Dono de uma pequena empresa de paisagismo, McArthur periodicamente contratava funcionários, a quem transformava em suas vítimas. A primeira delas teria sido um homem de 40 anos, que desapareceu em 2010. A polícia montou uma operação de investigação apenas em 2017, quando vários desaparecimentos foram relatados na área do distrito gay de Toronto. Ele foi preso seis meses depois.
As vítimas seguiam um padrão: a maioria era de família do Oriente Médio e do sul da Ásia e estava à margem da sociedade, o que não atraía muita atenção ao desaparecimento delas. Um dos alvos de McArthur escondia de sua família muçulmana que era homossexual, outro havia imigrado havia pouco tempo para o Canadá e era viciado em drogas, um terceiro era sem-teto, usuário de crack e cocaína e garoto de programa.
Quando Andrew Kinsman, um ativista da causa gay e “bartender” aposentado de 49 anos, desapareceu um dia depois da Parada do Orgulho LGBT de Toronto, sua ausência foi notada rapidamente e a polícia foi notificada. Pouco depois da denúncia, uma operação especial foi organizada para investigar outros casos de desaparecimento no mesmo bairro.
No final de 2018, a polícia de Toronto encontrou os restos mortais de sete homens dispostos em grandes vasos de uma propriedade que tinha McArthur como jardineiro. O corpo da oitava vítima foi encontrado em um barranco atrás do mesmo terreno, no centro de Toronto. McArthur tinha um acordo com os proprietários do lote para guardar seu equipamento de jardinagem no local em troca de cuidado gratuito do gramado.
No julgamento, o promotor Michael Cantlon disse que os assassinatos envolveram abuso sexual e que as vítimas tinham sido amarradas durante os crimes, fatos que agravarão sua pena. Os corpos foram desmembrados e ocultados. Cantlon ainda descreveu como o paisagista “preparou” e fotografou suas vítimas, guardando como recordações joias e o notebook pessoal de suas vítimas.
Na última semana, McArthur renunciou ao direito a uma audiência preliminar ao seu julgamento, o que levantou a possibilidade de um acordo de confissão. Ele se mudou para a região de Toronto em 2000. Antes, vivia no subúrbio com sua ex-mulher e dois filhos e trabalhava como vendedor itinerante de roupa íntima e meias.
Membros da comunidade LGBT já denunciavam há algum tempo um potencial serial killer no conhecido “bairro gay” de Toronto e pressionavam por respostas sobre o paradeiro dos homens. Uma investigação inicial em 2012 não obteve conclusões.