Assessor de Biden prevê piora na relação com Brasil em caso de vitória
'A pergunta para o Brasil é se sua liderança está preparada para abordar os desafios monumentais de nosso tempo', escreveu Juan González
Juan González, assessor de campanha de Joe Biden e conselheiro para a América Latina do ex-vice-presidente durante seus anos na Casa Branca, alertou nas redes sociais para a degradação das relações entre Brasil e Estados Unidos caso o democrata saia vitorioso das eleições presidenciais de 3 de novembro.
“Qualquer pessoa, no Brasil ou em qualquer outro lugar, que pensa que pode promover um relacionamento ambicioso com os Estados Unidos enquanto ignora questões importantes como mudança climática, democracia e direitos humanos claramente não tem ouvido Joe Biden durante sua campanha”, escreveu González no Twitter.
O assessor ainda compartilhou um artigo do site The Huffington Post que expõe os planos do candidato democrata para a condução da relação com o Brasil. A reportagem cita as intenções de Biden de pressionar o governo brasileiro para garantir a proteção da Amazônia e outros biomas. “Se vencer, Biden provavelmente não recuará diante da raiva de [Jair] Bolsonaro”, diz o artigo.
Anybody, in Brazil or elsewhere, who thinks they can advance an ambitious relationship with the United States while ignoring important issues like climate change, democracy, and human rights clearly hasn’t been listening to Joe Biden on the campaign trail. https://t.co/SyIGlFMdpx
— Juan S. Gonzalez (@Cartajuanero) October 22, 2020
Em artigo publicado em julho passado na Americas Quarterly, Juan González já havia tratado do tema. Ele afirmou ainda que “a relação entre EUA e Brasil tem um enorme potencial num governo Biden, cujas agendas climática e econômica avançarão juntas. A pergunta para o Brasil é se sua liderança atual está preparada para abordar os desafios monumentais de nosso tempo”.
“A política dos EUA em relação à América Latina deve priorizar a cooperação, o Estado de Direito e as mudanças climáticas, entre outras considerações”, escreveu o assessor do Biden.
As eleições americanas estão marcadas para 3 de novembro, embora 47,5 milhões de pessoas já tenham votado pelo correio ou com antecedência. Segundo a média das últimas pesquisas eleitorais elaborada pelo site RealClearPolitics, Biden lidera as intenções de voto em nível nacional com 50,7%, contra 42,8% do atual presidente Donald Trump.
Durante seu governo, Jair Bolsonaro aprofundou as relações do Brasil com os Estados Unidos. Parte dessa campanha de reaproximação baseou-se na proximidade de ideias e ideologias defendidas pelos dois governos. Caso o Partido Democrata saia vencedor da votação, teme-se que esses laços possam estar ameaçados.