O assessor de Assuntos Internacionais do presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, usou nesta sexta-feira, 8, sua conta na rede social Twitter para criticar a reunião, no Uruguai, do Grupo Internacional de Contato, formado por países europeus e latino-americanos interessados em mediar um acordo entre o governo e a oposição na Venezuela. O encontro ocorrera na quinta-feira 7 em Montevidéu.
“O ‘Mecanismo de Montevidéu’ é o sonho de Maduro”, escreveu Martins, referindo-se a Nicolás Maduro, cuja presidência não é mais reconhecida pelo Brasil. “Apela ao ‘diálogo entre governo e oposição’, – só que Maduro não é mais governo, e sim usurpador, e a oposição não é mais oposição, e sim governo interino legítimo, conforme a constituição da Venezuela.”
Nicolás Maduro afirmou nesta sexta-feira estar disposto a se reunir com enviados do Grupo de Contato Internacional. “Estou pronto e disposto a receber qualquer enviado do grupo de contato”, disse ele à imprensa, em Caracas.
Na quinta-feira, o chanceler Ernesto Araújo já havia mostrado reservas à iniciativa. O Brasil não participou da reunião, explicou ele, porque ela colocava em pé de igualdade Maduro e o presidente reconhecido pelo governo brasileiro, Juan Guaidó. “Achamos que esse não é um ponto de partida”, afirmara em Washington, onde encontrou-se com autoridades dos Estados Unidos.
O Grupo Internacional de Contato tem posição contrária à do Grupo de Lima, do qual o Brasil participa, que exige a renúncia de Maduro e apoia o governo de transição a ser conduzido por Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, até a posse de um novo chefe de estado eleito democraticamente.
Na reunião em Montevidéu participaram representantes da França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Portugal, Espanha, Suécia, Uruguai, Bolívia, México, Equador e Costa Rica. Na sua declaração final, o México barrou a inclusão de um apelo pela realização de novas eleições na Venezuela.
No Twitter, Martins avaliou que qualquer solução de meio termo na Venezuela “só beneficia os tiranos”. Ele também disse que a iniciativa de buscar o entendimento parte de “premissas erradas”.
“A manutenção do regime no poder significa mais sofrimento, mais fome e mais mortes”, afirma. “Todo mecanismo de diálogo deve ter um só assunto: as condições da saída de Maduro e o respeito ao que determina a constituição venezuelana sobre a transição de poder em situações como a atual”.
(Com Estadão Conteúdo e EFE)