A polícia australiana afirmou que o ataque a uma igreja em Sydney que aconteceu na segunda-feira, 15, onde um bispo e um padre foram esfaqueados, foi um “ato terrorista” de motivação religiosa. Após o ataque, uma multidão compareceu ao local, segundo relatos, para tentar ajudar.
O suposto agressor, identificado pela polícia do estado de Nova Gales do Sul como um jovem de 16 anos, foi detido pelo público na igreja até a chegada da polícia. Ele foi preso e precisou ser encaminhado ao hospital sob custódia para realizar uma cirurgia devido aos ferimentos que sofreu durante o ataque.
O adolescente esfaqueou a cabeça e outras partes do corpo do bispo Mar Mari Emmanuel durante uma missa na Igreja Cristo Bom Pastor, localizada no subúrbio oeste de Wakeley. O padre Isaac Royel e outros dois homens, um de 53 anos e o outro de 39, também se feriram no ataque e foram levados ao hospital. “Eles têm sorte de estar vivos”, disse Karen Webb, comissária de polícia.
https://twitter.com/BenGilroyIRL/status/1779845960706703763
Emmanuel, que era uma figura conhecida na cidade, “colocou a mão no homem que o esfaqueou e disse algo como: ‘Que o senhor Jesus Cristo o salve’”, disse Charbel Saliba, vice-prefeito de Fairfield City, citando uma testemunha.
A polícia acredita que o ataque foi premeditado.
“Alegaremos que [o suspeito] compareceu àquela igreja armado com uma faca e esfaqueou o bispo e o padre… Acreditamos que há elementos que estão satisfeitos em termos de extremismo de motivação religiosa”, disse Webb.
Multidão revoltada
A missa da Igreja Cristo Bom Pastor estava sendo transmitida ao vivo e as imagens dos líderes religiosos sendo esfaqueados circularam rapidamente pelas redes sociais, trazendo uma multidão revoltada ao local. Centenas de pessoas se reuniram em frente à igreja e começaram a jogar objetos contra os policiais e seus veículos.
“As pessoas convergiram para aquela área e começaram a atacar a polícia. Elas usaram o que estava disponível na área, incluindo tijolos, concreto, estacas, para atacar a polícia, lançando mísseis contra os policiais, seus equipamentos e seus veículos”, disse Webb.
A multidão “descontrolada” tentou invadir a igreja onde o agressor e as vítimas do ataque estavam sendo tratados pelos paramédicos, mas foram contidos pela polícia. O motim impediu que os paramédicos saíssem da igreja, onde ficaram escondidos por três horas e meia. “Seis dos nossos paramédicos não puderam sair daquela instalação por medo da sua própria segurança”, disse Dominic Morgan, o comissário de ambulâncias de NSW.
Segundo Morgan, a ambulância de NSW socorreu 30 pessoas, dentre as quais sete precisaram ser levadas ao hospital. Cerca de 20 pessoas foram tratadas pelos efeitos do spray de pimenta.
A polícia condenou as ações da multidão e recebeu apoio da Igreja, que afirmou que as autoridades tomaram as “medidas necessárias” e caracterizou o ataque como “isolado”, acrescentando que condena “retaliações de qualquer tipo”.
O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, também se pronunciou sobre as ações contra a polícia, chamando as cenas de “perturbadoras”. Ele convocou uma reunião com representantes de diferentes comunidades religiosas nesta segunda-feira.
Sydney foi alvo de outro ataque com faca no sábado, 13, quando um homem matou seis pessoas esfaqueadas em um shopping em Bondi, subúrbio da cidade.