Doze crianças e dez mulheres morreram nos últimos dias em bombardeios que atingiram zonas residenciais na província de Hajja, no Iêmen, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU). Os ataques deixaram pessoas 30 feridas, entre elas 14 eram menores de idade. Parte das vítimas foi transferida para hospitais da capital, Sanaa.
Os bombardeios violam o acordo de cessar-fogo assinado em Estocolmo em dezembro de 2018. O escritório de assuntos humanitários das Nações Unidas não informou a origem dos ataques. A autoridade houthi Deifallah Al Chami afirmou que a coalizão militar liderada pela Arábia Saudita tinha “cometido voluntariamente (…) este massacre”.
A coalizão, que intervém na guerra civil do Iêmen em apoio às forças governamentais, não respondeu de imediato a acusação.
A guerra no Iêmen, país mais pobre da península arábica, deixou mais de dez mil mortos, entre eles 2.200 crianças desde 2015, quando a coalizão interveio para apoiar o governo, segundo um balanço parcial da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O balanço real de vítimas é muito mais elevado, segundo as organizações não governamentais. Algumas delas estimam uma cifra cinco vezes maior. O conflito gerou a maior crise humanitária da atualidade. Segundo as Nações Unidas, cerca de 14 milhões de pessoas – a metade da população do Iêmen – estão à beira de um surto de fome. Já existe 1,8 milhão de crianças iemenitas desnutridas, das quais mais de 400.000 delas sofrendo o estágio mais grave da enfermidade.
No início de março, o governo do Iêmen, juntamente com seus aliados sauditas e dos Emirados Árabes, acusaram os rebeldes houthis de se negarem a cumprir um acordo fechado há duas semanas para removerem suas forças de portos do Mar Vermelho. A acusação foi apresentada à ONU.
Iêmen, Arábia Saudita e Emirados Árabes pediram ao Conselho de Segurança da ONU que exija dos houtis a observação de seus compromissos. A carta com esse apelo foi enviada no último dia 4 ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
Os rebeldes concordaram em retirar suas forças dos portos que controlavam, Saleef e Ras Issa, como parte das negociações de 17 de fevereiro. O cessar-fogo e o acordo de retirada de Hoddeida, decididos em dezembro, em Estocolmo, foram celebrados como o passo mais concreto e importante dado até o momento para pôr fim à guerra, que já dura quase quatro anos.
“A inexplicável e repentina negativa dos houthis a se retirarem dos portos de Saleef e Ras Issa não é uma surpresa, depois de meses de táticas de adiamento de sua parte”, assinala a carta, assinada pelos três embaixadores na ONU.
A coalizão denunciou 1754 violações do cessar-fogo pelos huthis desde a entrada em vigor do acordo, em 18 de dezembro, afirma a carta, assinalando que 125 soldados que lutavam pelo governo morreram.
(Com AFP)