Banidos por Trump, militares trans têm aposentadoria negada pela Força Aérea dos EUA
Decisão ocorre após Suprema Corte dos EUA permitir, em maio, que pessoas transgênero sejam banidas do serviço
A Força Aérea dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 8, que militares transgênero que serviram por 15 a 18 anos não terão direito à aposentadoria antecipada. A decisão significa que eles serão obrigados a escolher entre uma indenização única oferecida às tropas juniores ou simplesmente serem afastados sem qualquer benefício. A medida ocorre após a Suprema Corte dos EUA permitir, em maio, que militares trans sejam banidos do serviço numa vitória para o governo do presidente americano, Donald Trump.
Um porta-voz da Força Aérea, em condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, disse à agência de notícias Associated Press que “embora militares com 15 a 18 anos de serviço honroso tivessem permissão para solicitar uma exceção à política, nenhuma das exceções foi aprovada”. Antes disso, cerca de uma dúzia de militares trans foram “notificados prematuramente” de que poderiam se aposentar antes de serem expulsos, afirmou o funcionário.
Ao retornar à Casa Branca, em 20 de janeiro, Trump assinou um decreto que mirava especificamente militares trans, afirmando que um homem que se identifica como mulher “não era consistente com a humildade e a abnegação exigidas de um membro do serviço”. No mesmo mês, o Pentágono informou que deixaria de de realizar e facilitar procedimentos de afirmação de gênero.
Em fevereiro, o Departamento de Defesa anunciou a proibição sob a justificativa de que o alistamento de pessoas trans contraria a “política do governo Estados Unidos estabelecer altos padrões de prontidão, letalidade, coesão, honestidade, humildade, uniformidade e integridade dos militares”, acrescentando que era “inconsistente com as restrições médicas, cirúrgicas e de saúde mental de indivíduos com disforia de gênero ou que tenham um diagnóstico atual ou histórico de disforia de gênero, ou que apresentem sintomas consistentes com ela”.
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‘Crueldade aberta’
Após o aval da Suprema Corte, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que soldados transgêneros teriam a opção de se voluntariarem para sair e receberem uma indenização única ou serem retirados involuntariamente mais tarde. A política, disse um funcionário do Pentágono na ocasião, trataria “qualquer pessoa afetada por ela com dignidade e respeito”.
As tropas da ativa tinham até 6 de junho para se identificar voluntariamente e receber um pagamento, ao passo que as tropas da Guarda Nacional e da Reserva poderiam fazê-lo até 7 de junho. Mas, em julho, pessoas trans que serviram às Forças Armadas afirmaram ao site de notícias militares Military.com que o processo de saída era “desumanizador” e uma “crueldade aberta”, incluindo a reversão ao gênero de nascimento nos registros.
Logan Ireland, sargento-mor da Força Aérea dos EUA com 15 anos de serviço, incluindo uma missão no Afeganistão, é um afetados. Ele contou à Associated Press que se sentia “traído e devastado com a notícia” e que o chefe do comando estava “com lágrimas nos olhos” quando comunicou a Logan que sua aposentadoria havia sido negada.
Não há dados oficiais sobre a quantidade de militares trans nos Estados Unidos. Segundo a agência de notícias Reuters, embora defensores do grupo calculem que o número esteja por volta de 15 mil pessoas, autoridades estimam que seja ainda maior.

