Barbados avança para que rainha Elizabeth deixe de ser sua chefe de Estado
Decisão tem objetivo de deixar para trás vestígio de passado colonial; Monarca britânica é governante do Reino Unido e outros 15 países
O governo de Barbados anunciou nesta quarta-feira, 16, sua intenção de que a rainha Elizabeth II deixa de ser sua chefe de Estado a partir de novembro do ano que vem, em uma decisão que pretende deixar para trás qualquer vestígio de seu passado colonial.
Falando em nome da primeira ministra, Mia Mottley, a governadora-geral da ilha caribenha, Sandra Mason, anunciou a decisão durante o discurso conhecido como Discurso do Trono.
Mais de meio século após se tornar independente do Reino Unido, “os habitantes de Barbados querem um chefe de Estado de Barbados”, disse Mason. “Esta é a declaração máxima de confiança em quem somos e no que somos capazes de conseguir”.
Segundo a governadora da pequena ilha centro-americana, “Barbados dará o próximo passo lógico à soberania total e se tornará uma república” quando celebrar os 55 anos de sua independência, em 30 de novembro de 2021. Além de chefe de Estado, a rainha também atua como monarca constitucional.
Após a independência, em 1996, já houve outras tentativas de removê-la do cargo. Na década de 1970, uma comissão concluiu que havia pouco apoio público para fundar uma república e o projeto foi arquivado. Em 1998, uma comissão constitucional recomendou a ação, que não avançou.
O país voltou a dar passos em 2003, quando substituiu um o comitê judiciário sediado em Londres para um conselho dentro da corte caribenha de justiça, em Trinidad e Tobago, como seu tribunal de apelações.
Questionado sobre esta decisão, um porta-voz do Palácio de Buckingham disse: “Este é um assunto do governo e do povo de Barbados”.
A rainha Elizabeth é chefe de Estado do Reino Unido e outros 15 países: Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu. Todos estes territórios estiveram sob mandato do Reino Unido.
Diversos países retiraram a rainha como chefe de Estado nos anos após conquistarem independência. As Ilhas Maurício foram o último território a fazê-lo, em 1992. Em 1999, a Austrália apresentou um referendo sobre a remoção da rainha, mas a proposta foi derrotada.
Muitos habitantes de Barbados pediram no passado que a rainha Elizabeth fosse retirada do cargo de chefe de Estado devido a suas persistentes associações imperialistas, e vários dos líderes da ilha defendem torná-la uma república.