Conhecido por polêmicas, o ex-premiê italiano Silvio Berlusconi disse na quinta-feira, 22, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi vítima de “pressão” e tinha boas intenções ao iniciar a guerra na Ucrânia.
Segundo o político, a decisão de Moscou de invadir o país vizinho seguiu um apelo de separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, que supostamente estariam sendo ameaçados pelo governo ucraniano.
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Em entrevista à emissora italiana RAI, Berlusconi argumentou que o plano do Kremlin era originalmente conquistar a capital ucraniana Kiev “em uma semana”, e substituir o presidente ucraniano democraticamente eleito Volodymyr Zelensky por “um governo de pessoas decentes”
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“Eu nem entendi por que as tropas russas se espalharam pela Ucrânia enquanto em minha mente elas deveriam ter ficado apenas em Kiev “, disse Berlusconi, de 85 anos, que uma vez descreveu Putin como um irmão mais novo.
As declarações do líder italiano, que concorre à vaga ao Senado pelo partido de extrema-direita Forza Italia, atraíram críticas da oposição às vésperas das eleições legislativas do país, previstas para o próximo domingo, 25.
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“São palavras escandalosas e muito sérias”, comentou o líder do Partido Democrata, de centro-esquerda, Enrico Letta. “Se o resultado [das eleições] for favorável à direita, a pessoa mais feliz será Putin”, disse o político à também à rede RAI.
O líder centrista Carlo Calenda, que também disputa uma vaga no Congresso, disse que a fala de Berlusconi “é totalmente ultrajante” e comparou seu discurso ao de Putin.
Enfrentando a condenação generalizada dos oponentes, o empresário divulgou um comunicado nesta sexta-feira, 23, dizendo que suas opiniões foram “simplificadas demais”.
“A agressão contra a Ucrânia é injustificável e inaceitável, a posição [do partido Forza Italia] é clara. Estaremos sempre com a União Europeia e a OTAN”, disse ele, citando a principal aliança militar ocidental.
Apesar das críticas, o empresário permanece como favorito à vaga no Senado. Berlusconi está concorrendo como parte de uma aliança liderada pelo partido Irmãos da Itália, cujas origens remontam ao regime fascista de Benito Mussolini. A candidata do partido ao cargo de primeiro-ministro, Giorgia Meloni, é apontada como favorita na corrida.