O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi disse nesta terça-feira, 18, que voltou a se aproximar do presidente russo, Vladimir Putin, um de seus velhos amigos e definido por ele como um “homem da paz”. Os dois são bem próximos há anos, mas se afastaram após o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro
As palavras do ex-líder italiano repercutiram mal no país não apenas pelo elogio ao responsável pelo confronto em território ucraniano – a Itália está alinhada à União Europeia e aos Estados Unidos e condenam publicamente o conflito –, mas também porque seu partido, o Força Italia, negou o incidente até a divulgação de um áudio com a fala de Berlusconi.
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Na gravação, que foi enviada a deputados, o ex-premiê diz que recebeu 20 garrafas de vodca e “uma carta muito doce” de Putin em seu aniversário, no final de setembro, tendo respondido o presente com algumas garrafas de vinho italiano. O político italiano disse ainda que o presidente russo é o “primeiro de seus cinco verdadeiros amigos”.
“Os ministros russos já disseram em várias ocasiões que estamos em guerra com eles, porque fornecemos armas e financiamento à Ucrânia. Pessoalmente, não posso dar minha opinião porque se fosse dito à imprensa seria um desastre, mas estou muito preocupado. Eu restaurei um pouco as relações com Putin”, disse Berlusconi no áudio, que disse ainda que o enxerga o líder russo como uma pessoa pacífica e sensata.
O ex-primeiro-ministro já havia recebido críticas relacionadas ao assunto depois de ter dito no mês passado que a Rússia foi arrastada para a guerra porque queria colocar “pessoas decentes” no comando de Kiev. Em resposta, um porta-voz do Forza Italia disse que a gravação se tratava de uma velha história e que não havia contato recente entre os líderes.
Berlusconi também se envolveu em outra polêmica ao detalhar o encontro que teve com a líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, que deverá ser a nova primeira-ministra do país, deixando claro que sua raiva por ela é real por conta da distribuição de ministérios no próximo Executivo.
“Fui presidente do Conselho quatro vezes, e o presidente do Conselho deve ser aberto e generoso com seus aliados se quiser manter a coalizão unida. Eu pedi a ela três ministérios, ela riu de mim, eu pedi dois, ela riu de novo, eu pedi um, e ela finalmente aceitou. Esta é a situação que encontrei”, diz ele no áudio.
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A coalizão vencedora das últimas eleições, que engloba três partidos – incluindo o Irmãos da Itália e o Força Italia –, vem negociando a formação de um governo com tensão máxima. Berlusconi já deixou claro em várias oportunidades seu desconforto com Meloni e na última quinta-feira, 13, fotos de um suposto bilhete escrito por ele espalharam-se nas redes sociais.
“Ela é teimosa, autoritária, arrogante e ofensiva. Sem vontade alguma de mudar. Ela é alguém com quem você não pode concordar”, mostrava as imagens.