O governo dos Estados Unidos aprovou, nesta segunda-feira, 13, um enorme projeto de perfuração de petróleo no Alasca, conhecido como Willow. A iniciativa é contestada por ativistas ambientais, que prometeram entrar com um processo judicial contra a medida, e é constante alvo de críticas da Geração Z nas redes sociais.
A aprovação foi uma vitória da delegação bipartidário do Congresso do Alasca e uma coalizão de grupos nativos do estado. Segundo eles, o projeto vai trazer uma nova fonte de receita e empregos muito necessária para a região remota.
“Finalmente conseguimos, Willow foi finalmente reaprovado e podemos quase literalmente sentir o futuro do Alasca se iluminando por causa disso”, comemorou a senadora republicana Lisa Murkowski, em um comunicado, acrescentando que o Alasca está “agora à beira de criar milhares de novos empregos, gerando bilhões de dólares em novas receitas” e “melhorando a qualidade de vida em todo o nosso estado”.
Legisladores federais do Alasca também aplaudiram a decisão. Para eles, Willow é uma vitória para a economia do estado.
“Depois de anos de defesa consistente e determinada deste projeto, por pessoas de todo o estado e de todas as esferas da vida, o Projeto Willow está finalmente avançando”, disse a deputada democrata Mary Peltola, a primeira nativa do Alasca no Congresso. “Gostaria de agradecer ao presidente e seu governo por ouvir as vozes dos habitantes do Alasca quando mais importava.”
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Entretanto, para grupos defensores da causa climática, o Projeto Willow vai prejudicar as metas relacionadas ao clima do presidente Joe Biden, além de representar riscos à saúde e ao meio ambiente. Mais de um milhão de cartas foram escritas à Casa Branca em protesto contra o projeto e uma petição, organizada na Internet, teve milhões de assinaturas.
O Earthjustice, um grupo de direito ambiental, pretende abrir um processo contra o projeto. O grupo argumenta que o governo Biden deveria proteger os recursos nas terras públicas do Alasca, o que inclui tomar medidas para reduzir a poluição de carbono que aquece o planeta.
“Sabemos que o presidente Biden entende a ameaça existencial do clima, mas ele está aprovando um projeto que inviabiliza seus próprios objetivos climáticos”, disse Abigail Dillen, presidente da Earthjustice.
Influenciadores digitais da Geração Z no Instagram e TikTok também passaram a denunciar o plano. Com a hashtag #ProjectWillow, milhares de vídeos sobre o assunto viralizaram na semana passada.
O Projeto Willow é um plano antigo de perfuração em uma área do governo federal, a Reserva Nacional de Petróleo. O local tem capacidade para produzir até 600 milhões de barris de petróleo, embora o produto possa demorar anos para chegar ao mercado. A Casa Branca prevê que o projeto gere 9,2 milhões de toneladas métricas de poluição de carbono por ano, o que equivale a adicionar 2 milhões de carros movidos a gasolina nas estradas do país.
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Nas últimas semanas, para tentar diminuir as preocupações de grupos ambientais sobre o projeto, o governo Biden reduziu o número de campos de perfuração aprovados (para apenas dois) e aumentou as medidas de conservação da natureza. As limitações reduzem em cerca de 30% a capacidade de produção pretendida inicialmente.
Sob pressão, o presidente voltou atrás. No fim, Willow foi aprovado com três plataformas de perfuração, cobrindo cerca de 27 mil hectares a menos do que a empresa buscava inicialmente.
Nesta segunda-feira, 13, em conjunto com a aprovação do Willow, Biden também anunciou novas proteções abrangentes para terras e águas federais no Alasca. Todo o Oceano Ártico dos Estados Unidos foi declarado fora dos limites para futuros arrendamentos de petróleo e gás.
As proteções se estendem às áreas do Lago Teshekpuk, Utukok Uplands, Rio Colville, Lagoa Kasegaluk e Peard Bay, que são habitats importantes para ursos pardos, ursos polares, caribus e aves migratórias.