O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um discurso na noite de terça-feira 24 para abordar o tiroteio em uma escola no Texas, que deixou ao menos 19 alunos e dois professores mortos. O líder da Casa Branca declarou que é “hora de transformar essa dor em ação”.
Para Biden, “é simplesmente doentio” que tantos tipos de armas estejam facilmente disponíveis para quase qualquer americano comprar. “Por quê? Por que estamos dispostos a viver com essa carnificina? Por que continuamos deixando isso acontecer?”, indagou.
O discurso ocorreu menos de duas horas depois de Biden retornar de uma turnê de cinco dias pela Ásia. Segundo ele, nenhum outro país tem o mesmo problema com tiroteios em massa.
Falando por experiência própria, ele acrescentou: “Perder um filho é como ter um pedaço de sua alma arrancado.” Ele não mencionou a perda de seu filho Beau de câncer ou a morte de sua primeira esposa e filha em um acidente de carro.
No discurso, o presidente atacou diretamente os fabricantes de armas e seus representantes em Washington, instando os políticos a enfrentá-los.
No entanto, ele não fez propostas específicas de controle de armas, nem pediu ao Congresso que submetesse a legislação imediatamente a votação. O debate sobre o controle de armas tem sido uma das questões mais polarizadoras do país por mais de uma década.
Mesmo assim, poucas horas após o tiroteio no Texas, o senador Chuck Schumer, democrata de Nova York e líder da maioria no Senado, abriu caminho para acelerar a votação de projetos de lei que fortaleceriam a verificação de antecedentes para compradores de armas. A proposta já foi bloqueada pelos republicanos anteriormente.
Um dos projetos expandiria as verificações de antecedentes criminais para possíveis compradores de armas na internet. O outro aumentaria o período de espera para compradores de quem o sistema de verificação instantânea de antecedentes desconfia, para permitir mais tempo para o FBI investigar o caso.
As medidas, aprovadas pela Câmara em 2019 e novamente no ano passado, travaram no Senado em meio à oposição republicana. Mesmo lamentando o massacre da terça-feira, senadores republicanos deram poucas indicações de que suas posições haviam mudado.
Contudo, alguns democratas disseram ter esperança de um consenso bipartidário sobre as propostas, porque as pesquisas mostram ter apoio esmagador entre os americanos. Medidas como verificação universal de antecedentes geralmente têm apoio de mais de 90% do público americano.
Pesquisas da Civiqs, uma empresa de opinião pública online, mostram que o apoio a novas leis de controle de armas tende a aumentar imediatamente após um tiroteio. A mudança tende a diminuir nas semanas seguintes, mas geralmente deixa o apoio às leis de controle de armas mais alto do que quando começou.
O massacre de Uvalde, no Texas, é o segundo tiroteio escolar mais mortal já registrado. Pelo menos 19 estudantes e dois adultos foram confirmados mortos no ataque, segundo a polícia, que disse que posteriormente matou o atirador. Ele foi identificado como Salvador Ramos, 18 anos, estudante de uma escola secundária próxima.
O tiroteio em Uvalde ocorre quase uma década depois que um atirador matou 20 crianças e seis adultos na Sandy Hook Elementary School em Newtown, Connecticut, antes de tirar a própria vida. À medida que as mortes aumentavam na terça-feira, o tiroteio em Uvalde superou o devastador massacre de 2018 na Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, Flórida, onde 17 pessoas foram mortas.