Na tarde desta quarta-feira, 24, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, incumbiu sua vice, Kamala Harris, de supervisionar os esforços diplomáticos do país relacionados à fronteira com o México e às causas do aumento da migração.
Diante do crescente desafio humanitário na fronteira, o governo americano enviou uma delegação de alto escalão no início dessa semana para discutir com os governos de México, Honduras, Guatemala e El Salvador. Segundo Biden, Harris já “concordou em liderar nossos esforços diplomáticos e trabalhar com estes países”.
O objetivo da viagem é “desenvolver um plano de ação eficaz e humano para controlar a migração irregular”, principalmente do Triângulo Norte da América Central, afirmou em um comunicado a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Emily Horne.
A região experimentou uma forte onda de imigração para os Estados Unidos desde a chegada de Joe Biden à Casa Branca no final de janeiro e as autoridades do país prenderam 100.441 imigrantes sem documentos em fevereiro, em comparação com 78.442 em janeiro. O número de adultos sem documentos apreendidos dobrou entre outubro de 2020 e fevereiro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano fiscal anterior.
Reconhecendo ser uma tarefa difícil, Harris declarou que ela e Biden visitarão a fronteira em algum momento, e que ela já foi até lá anteriormente.
“Não há dúvida de que esta é uma situação desafiadora”, disse o vice-presidente na Casa Branca, enfatizando a necessidade de “abordar as causas profundas que levam as pessoas a fazer a jornada” para os EUA.
“Estou ansiosa para me envolver na diplomacia com o governo, o setor privado, a sociedade civil e os líderes de El Salvador, Guatemala e Honduras para fortalecer a democracia e o Estado de Direito e garantir a prosperidade compartilhada na região”, disse Harris.
Quando Biden assumiu o cargo há dois meses, ele prometeu acabar com a postura linha-dura de seu antecessor, Donald Trump, em relação à imigração. Ele criticou a política de tolerância zero do ex-presidente, que separava famílias de migrantes, e criticou procedimentos que incluíam manter crianças em “gaiolas”. O novo governo parou de forçar os solicitantes de asilo a esperar pela data do julgamento no México e interrompeu a construção de um muro de fronteira ao longo da fronteira sul do país.
Agora, no entanto, o democrata enfrenta críticas crescentes sobre o modo como está lidando com uma onda de migrantes com destino aos Estados Unidos. Na terça-feira, o deputado democrata Henry Cuellar divulgou uma série de fotos de um centro de detenção lotado que abrigava crianças migrantes.
Segundo dados do governo americano, mais de 100.000 pessoas tentaram cruzar a fronteira em fevereiro. O número inclui quase 9.500 crianças desacompanhadas, um aumento de 62% em relação a janeiro e o mais alto desde maio de 2019. De acordo com dados coletados pelo Pew Research Center, 18.945 migrantes foram detidos na fronteira em janeiro e fevereiro.
Os líderes republicanos dizem que, por uma postura “mais aberta”, Biden é o culpado pela nova onda de migrantes que está aparecendo na fronteira EUA-México, criando uma situação de crise que ameaça a segurança americana.
O governo, por sua vez, argumenta que os EUA ainda estão expulsando os requerentes de asilo de volta ao México sob o Título 42 — uma cláusula da era Trump que citava a pandemia do coronavírus como uma razão para permitir a deportação rápida de migrantes. Eles também negam que haja uma crise se formando.
“As crianças que se apresentam na nossa fronteira, que fogem da violência, que fogem da acusação, que fogem de situações terríveis não é uma crise”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, na segunda-feira. “Sentimos que é nossa responsabilidade abordar essa situação com humanidade e garantir que eles sejam tratados e colocados em condições seguras”.