Biden se reúne com Netanyahu em Israel um dia após ataque a hospital
Bombardeio a centro de saúde deixou centenas de mortos – o Hamas acusa Israel, que nega autoria e culpa a Jihad Islâmica
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou a Tel Aviv, em Israel, nesta quarta-feira, 18, para um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O americano também se reunirá com militares do país. O intuito da visita é discutir o conflito entre forças israelenses e terroristas do Hamas.
A chegada de Biden a Tel Aviv ocorre um dia após um ataque a um hospital na Faixa de Gaza que deixou centenas de mortos. O Hamas primeiramente acusou Israel, que negou autoria e culpou a Jihad Islâmica. O bombardeio fez a reunião do político democrata com líderes árabes ser cancelada.
Além disso, a carnificina no hospital pode dificultar um acordo por um cessar-fogo e negociações para que a guerra não se espalhe para outros países da região, um dos objetivos da viagem de Biden.
Ao lado de Netanyahu, Biden condenou o bombardeio e o atribuiu a ‘outra equipe’. “Estou profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital em Gaza. E, com base no que vi, parece que foi feito pelo outro lado, não por vocês”, disse o norte-americano.
Ataque a hospital
Segundo o Ministério da Saúde palestino, sob controle do Hamas, a responsabilidade pela tragédia no hospital Al Ahli Arabi seria de Israel, que prontamente negou a acusação e se comprometeu a investigar o massacre.
As autoridades de saúde em Gaza afirmaram que “o hospital abrigava centenas de doentes e feridos, e pessoas deslocadas à força de suas casas”, e apontou para o que seria um crime de guerra, já que ataques propositais a edifícios civis são proibidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Segundo o Ministério da Saúde palestino, o número de mortos pode chegar a 500.
+ Escola que abrigava 4 mil pessoas em Gaza foi atingida por Israel, diz ONU
Em contrapartida, as Forças de Defesa de Israel (FDI) afirmaram que hospitais “não são alvos” e acusou a Jihad Islâmica, grupo terrorista aliado ao Hamas, de atingir o edifício.
“Segundo informações da inteligência, serviços secretos e de várias fontes que temos, a organização terrorista Jihad Islâmica é responsável pelo disparo frustrado que atingiu o hospital”, informou o Estado de Israel na plataforma X, antigo Twitter.
+ Israel afirma que hospitais ‘não são alvo’ e culpa terroristas pelo ataque
Breaking: IDF Spokesperson
From the analysis of the operational systems of the IDF, an enemy rocket barrage was carried out towards Israel, which passed through the vicinity of the hospital when it was hit.
According to intelligence information, from several sources we have,… pic.twitter.com/hdQra9QZAm
— Israel ישראל 🇮🇱 (@Israel) October 17, 2023
As defesas israelenses comunicaram também que “uma análise dos sistemas operacionais das FDI indica que uma barragem de foguetes foi disparada por terroristas em Gaza, passando nas proximidades do hospital Al Ahli em Gaza no momento em que foi atingido”.
Hamas x Autoridade Palestina
A Autoridade Palestina, ao contrário do Hamas, não é considerado um grupo extremista ou radical há décadas pela comunidade internacional. Quem controla o órgão é o Fatah, um partido fundado em 1959, após o êxodo palestino conhecido como Nakba, por Yasser Arafat (1929-2004) e Abbas.
O Fatah é secular, ou seja, livre de dogmas religiosos. Seu nome significa “conquistar”, além de ser um acrônimo para o árabe “Harakat al-Tahrir al-Filistiniya” – que em português significa Movimento de Libertação Nacional da Palestina.
Inicialmente, sua estratégia era libertar o território da Palestina histórica através da luta armada contra o Estado de Israel. Após a Guerra Árabe-Israelense de 1967, sob a gestão de Arafat, o Fatah se tornou o partido dominante na Organização de Libertação da Palestina (OLP), que foi classificada como uma organização terrorista pelo governo israelense por assassinatos e sequestros de civis.
No entanto, nas décadas de 1970 e 1980, o Fatah passou por mudanças radicais após sua expulsão do Líbano e da Jordânia, quando começou a fazer negociações com Israel. Após renunciar à luta armada completamente em 1990, a OLP tornou-se representante dos palestinos nas Nações Unidas. Também assinou os Acordos de Oslo, que levaram à criação da Autoridade Palestina, responsável pela população da Cisjordânia.
O Fatah também governava a Faixa de Gaza até 17 anos atrás. No entanto, o braço político do Hamas venceu as eleições de 2006 no território, além de sair vitorioso de uma breve guerra civil contra as forças leais ao partido de Abbas.