O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, se prepara para convocar centenas de soldados a mais para tentar responder à crise de abastecimentos de combustíveis no Reino Unido, à medida que ao menos metade dos postos de gasolina localizados fora da rede de rodovias está sem estoque. No começo do mês, cerca de 200 militares já haviam começado a transportar combustível para tentar reduzir as filas de espera.
A medida é uma resposta direta ao pânico que começou entre consumidores após a BP relatar na semana passada que cerca de 100 postos estariam com problemas. Por conta disso, muitos foram aos postos abertos para tentar estocar combustível e, no domingo, o secretário dos Transportes, Grant Shapps, pediu que as pessoas sejam “sensatas”.
A falta de combustível, por sua vez, acentuou a escassez de produtos alimentícios nos supermercados. Recentemente, o premiê britânico admitiu que o problema deve durar até o Natal.
Segundo Brian Madderson, presidente da Associação de Varejistas de Combustível, um órgão comercial, uma pesquisa entre membros indicou que de 50 a 85% de todos os postos de gasolina independentes estão sem combustível. O Reino Unido possui cerca de 8.000 postos de gasolina, a maioria comandada por varejistas independentes, alguns que operam franquias das grandes empresas do ramo.
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À rede BBC, ele afirmou que o estoque na Irlanda o Norte ainda é estável e que o problema está maior na Inglaterra, principalmente em áreas urbanas. O líder da associação também reconheceu que há treinamentos “por trás dos panos” para militar dirigirem caminhões-tanque, mas alertou que eles podem não ter todas as habilidades necessárias para a função.
A falta de aproximadamente 100.000 caminhoneiros, causada pela Covid-19 e pelo aumento da burocracia para profissionais de outros países atuarem na região após o Brexit, levou o governo britânico a anunciar uma série de medidas para suprir esta falta de motoristas e, principalmente, evitar que o esgotamento dos combustíveis nos postos de gasolina e a interrupção no fornecimento de mercadorias para supermercados se agravem ainda mais.
Em 25 de setembro, Johnson anunciou a concessão de 5 mil vistos temporários para profissionais de outros países poderem atuar na região. O comunicado foi feito pelo Departamento Britânico de Transporte, que detalhou a concessão para motoristas de caminhões-tanque e caminhões de alimentos por três meses com objetivo de aliviar a situação na região pelo menos até o Natal.
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Líderes do setor de transportes, no entanto, classificaram a medida como insuficiente, ressaltando que a concessão abrange um número muito baixo perto da quantidade necessária de motoristas adicionais. Tanto os transportadores como os representantes da indústria da carne e das aves atribuíram parte do problema à impossibilidade de contratar europeus sem visto de trabalho após o Brexit e a saída de milhares de cidadãos da União Europeia residentes no Reino Unido para os seus países de origem durante a pandemia.
Johnson, por sua vez, defendeu a saída de seu país da UE como uma forma, precisamente, de não ter que usar trabalhadores mal remunerados e assim forçar as empresas a pagar melhor a seus funcionários.
“O caminho a seguir não é puxar a alavanca da imigração descontrolada e permitir a entrada de um grande número de pessoas”, disse Johnson, referindo-se às duras restrições em vigor para cidadãos da União Europeia obterem um visto de trabalho no Reino Unido. “Durante décadas temos contado com pessoas trabalhadoras vindas principalmente dos países do alargamento da UE, que estavam dispostas a fazer esses trabalhos por baixos salários e por isso agora são pouco atraentes”.
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O primeiro-ministro insistiu que o problema específico dos postos de gasolina se deve ao aumento da demanda devido ao que chamou de “efeito de tração” causado pela escassez de combustível entre os motoristas. Ele ainda lembrou que a falta de motoristas de caminhão afeta outros países, como Estados Unidos, China e Polônia.