O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi informado nesta terça-feira (12) que será multado pela polícia por realizar festas durante o período mais restritivo do lockdown no país.
O ministro do Tesouro, Rishi Sunak, também receberá multa pelos eventos realizados em Downing Street, segundo um porta-voz do governo que conversou com a CNN americana.
O premiê foi acusado de realizar dezessete festas a portas fechadas, com direito muita bebida, sendo que uma delas era para comemorar seu aniversário. Enquanto isso, o resto da sociedade vivia em rigoroso lockdown durante o período mais duro da pandemia de Covid-19.
Johnson alegou que imaginava se tratar de um “encontro de trabalho” e que, é verdade, “não seguiu devidamente as regras”.
Um relatório de investigação de 12 páginas, feito sob comando da servidora pública Sue Gray, apontou “falhas de liderança e julgamento” de Johnson. Segundo Dominic Cummings, ex-conselheiro do premiê, ele teria faltado com a verdade quando disse que uma das festas que participou se tratava, na verdade, de uma reunião de trabalho.
Desculpas e consequências
Após a divulgação da punição, Boris Johnson fez um pronunciamento de sua residência em Chequers, dizendo-se arrependido pelo comportamento.
“Hoje recebi um aviso de multa da Polícia Metropolitana relacionada a um evento em Downing Street em 19 de junho de 2020. Deixe-me dizer imediatamente que paguei a multa e, mais uma vez, peço desculpas”, afirmou o premiê. Sunak também já pagou a multa pelo escândalo apelidado de “Partygate“.
No entanto, o pedido de desculpas não desceu bem para a população britânica. O movimento Covid-19 Bereaved Families for Justice (Famílias Enlutadas pelo Covid-19 pela Justiça, em tradução livre) publicaram uma carta aberta afirmando que simplesmente pagar uma multa não é o suficiente.
“Você violou leis destinadas a nos manter seguros. Você pisou nos sacrifícios que nós e todo o povo britânico fizemos. Você pagou uma multa. Nossos entes queridos pagaram com suas vidas”, escreveu o movimento.
As multas trazem à tona novamente a discussão sobre se Johnson ou Sunak terão que renunciar aos seus cargos. De acordo com a oposição, liderada pelo Partido Trabalhista britânico – sim.
O argumento é que ambos negaram categoricamente na Câmara dos Comuns que violaram quaisquer regras e, assim, enganaram o parlamento. Isso se configura como uma violação do código ministerial, suficiente para justificar suas demissões.
No entanto, parece haver pouco interesse imediato entre os parlamentares governistas para substituir Johnson. Em parte, por causa da guerra na Ucrânia, mas também porque a imagem de seu substituto mais provável, Sunak, também está prejudicada pelo escândalo.
O futuro do governo do Reino Unido é incerto. Mas, como esse é um acontecimento político sem precedentes, a história pode mudar de uma hora para a outra.