A União Europeia (UE) apoiou nesta sexta-feira, 25, o parecer da Organização dos Estados Americanos (OEA) que pede a convocação de um segundo turno eleitoral na Bolívia. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, defendeu a realização de uma auditoria dos controversos resultados da votação.
O atual presidente do país, Evo Morales, foi declarado o vencedor do pleito sem a necessidade de um segundo turno. Seu principal opositor, Carlos Mesa, acusou o chefe de Estado de fraudar a votação.
Segundo os resultados oficiais do Tribunal Supremo Eleitoral, Evo teve 47,07% dos votos e Mesa, 36,51%. Depois da votação de domingo, a transmissão de dados foi interrompida por 24 horas, o que motivou as suspeitas de irregularidades. Na volta, Evo tinha aumentado sua vantagem sobre Mesa.
Em um comunicado divulgado na quarta 23, a OEA — da qual o Brasil, Estados Unidos e outros países da América do Sul fazem parte — sugeriu a convocação do segundo turno, mesmo que a vantagem de votos entre Morales e o principal opositor, Carlos Mesa, fosse por poucos pontos percentuais.
Nesta sexta, a UE endossou a posição do órgão americano. “A União Europeia compartilha totalmente da avaliação da OEA para que as autoridades bolivianas finalizassem a apuração dos votos e convocassem um segundo turno para restaurar a confiança e respeitar a escolha democrática do povo boliviano”, afirmou a instituição no comunicado.
O Reino Unido também divulgou uma nota reforçando o pedido da União Europeia para um segundo turno na Bolívia.
Já Guterres afirmou nesta sexta que o melhor caminho seria a realização de uma auditoria dos resultados. “Apoiamos totalmente essa auditoria”, declarou a repórteres, pedindo ao governo e à oposição “que mantenham a máxima moderação”.
A OEA designou uma missão especial para supervisionar as eleições. Em um relatório divulgado no meio da semana, a delegação indicou que não foram respeitados os princípios de “certeza, legalidade, transparência, justiça, independência e imparcialidade”, citando diversas situações em que essas violações ocorreram.
Devido aos problemas decorrentes da eleição, como a renúncia do vice-presidente do TSE, Antonio José Iván Costas Sitic, a OEA e o governo boliviano entraram em acordo para que organização reconte os votos, sem datas anunciadas para ocorrer. O compromisso foi estabelecido apesar das declarações de Morales de que a OEA estava apoiando um “golpe de Estado”.
A polêmica apuração das eleições bolivianas foi tratada na quarta e quinta-feira pelo Conselho Permanente da OEA, em Washington. Na reunião, La Paz defendeu com unhas e dentes a transparência da votação e criticou a missão dos observadores.
“O informe emitido não coleta a informação com a imparcialidade que cabe a uma missão desta natureza”, declarou o chanceler boliviano, Diego Pary.
Já o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, apoiou os observadores e pediu à Bolívia para esperar uma auditoria de todo processo eleitoral, acordada entre La Paz e o organismo, para depois anunciar o vencedor.
Mesa não concordou com os resultados da eleição e denunciou todo processo eleitoral como “fraude” e disse esperar que houvesse um segundo turno com base na contagem preliminar que fora suspensa pelo TSE nas primeiras horas após o pleito.
“A decisão é clara. O Movimento para o Socialismo (MAS) não quer um segundo turno e o MAS não quer aceitar nenhuma modificação dessa alteração vergonhosa e grosseira do resultado da nossa votação no domingo passado”, disse.
(Com AFP)