Brexit: Exportações britânicas para UE caem 40%, em prejuízo de £5,6 bi
Saída da UE e restrições impostas pela pandemia resultaram no maior declínio mensal da região em 20 anos
As exportações do Reino Unido para a União Europeia tiveram queda de 40,7% em janeiro. Os impactos do Brexit, juntamente com as restrições de um novo lockdown por causa da pandemia do novo coronavírus, resultaram no maior declínio mensal da região em 20 anos.
No primeiro mês desde que o Reino Unido deixou o bloco nos termos acordados pelo primeiro-ministro Boris Johnson, o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico (ONS) afirmou que as exportações de bens ao bloco sofreram uma queda de 5,6 bilhões de libras. As as importações caíram 28,8%, uma queda de 6,6 bilhões.
O comércio de alimentos e animais vivos foi o mais afetado, resultando em uma queda de 63,6% no primeiro mês do ano. As remessas de peixes e mariscos caíram 83% em relação ao mesmo período do ano passado, gerando uma série de protestos da indústria pesqueira da região. O setor, porém, representa apenas 7% de toda a exportação do Reino Unido.
Além do Brexit, o declínio também está diretamente atrelado à pandemia. O Produto Interno Bruto local apresentou queda de 2,9% em dezembro de 2020, o maior desde o início de restrições impostas pelo governo. No geral, as exportações e importações da ilha caíram cerca de um quinto com o mundo inteiro.
Apesar do PIB britânico ser o menor desde o início da pandemia, analistas sugerem que as empresas e as famílias tiveram uma melhor adaptação em relação ao primeiro lockdown, quando o PIB acumulou queda de mais de 20% em abril de 2020.
Para o encarregado de Johnson para as negociações do Brexit, David Frost, houve uma “série de fatores que nos levaram a números incomuns em janeiro. (…) Mas esses efeitos estão começando a diminuir e esses números voltarão ao normal no próximo mês”.
Em entrevista ao jornal The Guardian, o economista Samuel Tombs afirmou que o Brexit de fato piorou a situação. Em um reflexo de seu impacto, as exportações do Reino Unido para a Irlanda também caíram 47% em janeiro, a maior queda já registrada entre os parceiros comerciais.
Embora o governo britânico tenha admitido problemas iniciais no novo relacionamento, líderes empresariais alertam que prazos longos e altos custos provavelmente continuarão como problemas endêmicos da saída do bloco.
“As dificuldades práticas enfrentadas pelas empresas vão muito além dos problemas iniciais e, com o rompimento do fluxo entre o Reino Unido e a Europa, o comércio provavelmente será um obstáculo para o crescimento econômico da região no primeiro trimestre de 2021”, afirma Suren Thiru, chefe de economia da Câmara Britânica de Comércio.